Corte quimico

Corte químico: o que fazer nessa situação?

Especialistas contam como evitar e ensinam a amenizar o problema que mexe diretamente com a autoestima das clientes.

3 minutos de leitura

ShutterStock
Por Redação em 27/12/2019 Atualizado: 28/10/2022 às 12:18

Qual cabeleireiro já não teve que salvar sua cliente de um corte químico? Ou pior, viu isso acontecer em sua própria cadeira? O corte químico consiste na desestruturação da fibra capilar, que deixam os fios tão fragilizados que se quebram.

Os fatores mais comuns para essa quebra dos fios são os alisamentos em excesso, descolorações feitas com o cabelo fragilizado por outro processo químico, erro na aplicação de produtos, tempo de pausa muito longo ou combinações químicas equivocadas. “O corte químico é um tabu para todo profissional cabeleireiro, mas é uma realidade da nossa profissão e temos que falar sobre isso, pois acontece muito. Temos que ‘ganhar’ tempo conversando com a cliente, entendendo a rotina dela, os produtos que ela usa e fazer mecha teste para tudo, ainda que ela diga que o cabelo é natural, pois existem clientes que mentem para o profissional ou que esquecem que aplicaram algo. Ainda há aquelas que aplicam produtos que consideram naturais e acham que não precisa citar, pois não terão problema”, comenta Carlos Lima, hairstylist e proprietário do Carlos Lima Beauty Studio, em Orlando, nos Estados Unidos.

A expert K Marceli Nakashima, do Studio W Campinas, acredita que o diagnóstico profissional preciso é o que pode contornar uma situação complicada como essa nos salões. “Clientes que fazem química sofrem perda de componentes essenciais, prejudicando a saúde do fio e, consequentemente, sua beleza. Nenhum profissional vai dizer que a cliente está mentindo, por isso temos o teste de mecha como aliado. A experiência ajuda muito, mas também acontece muito a falta de conhecimento real das clientes e temos que considerar e ponderar isso, já que produtos como shampoos podem causar problemas em processos químicos. Quando o problema já aconteceu, um corte ajuda muito, pois as pontas dos cabelos ficam finas e irregulares. Assim, você proporciona um visual um pouco mais saudável e com aspecto menos ralo para a cliente”, orienta Marceli.

De volta ao básico

Com 27 anos de carreira, Denise Braga, biomédica, tricologista e proprietária do Fios SPA, em Brasília, acredita que, com o excesso de produtos químicos, a tendência é que as pessoas se reconectem a uma maneira mais natural de se cuidar. “Tenho percebido um retorno para um cuidado de beleza e saúde mais integrativos. Sobre este tema de corte químico, por exemplo, recebo pessoas com traumas capilares porque realizaram progressivas e começaram a fazer uso de Minoxidil (fármaco capaz de reduzir a pressão arterial por promover vasodilatação potente e de longa duração). Essa interação química causa a quebra do fio. Se o Minoxidil for de base alcoólica, associado a uma progressiva com base de queratina ácida, a quebra é certa. O mesmo ocorre por conta dos alisamentos como os de base de Hidróxido de Tioglicolato associado ao Minoxidil. Quando falamos de corte químico, pensamos apenas em colorações e descolorações. Ninguém para e pensa que os fármacos vendidos sem receitas também podem causar isso. É muito sério”, explica a especialista.

Para reverter a situação, Denise fala sobre a importância de neutralizar o agente agressor. “O profissional cabeleireiro deve identificar o que causou a quebra, por isso é tão importante entender minimamente de química para neutralizarmos a ação do produto agressor no cabelo. Temos uma solução para cada via; para um cabelo que está ácido, precisamos doar emoliência com os ácidos graxos, por exemplo. Mas cada caso é um caso. Num primeiro momento, precisamos mesmo parar a ação do produto usando um agente neutralizador”, reforça.

Compromisso profissional

Cada cabeleireiro deve analisar o caso da cliente com particularidade e delicadeza e o compromisso e responsabilidade profissional são sempre fundamentais. “Num momento como esse, a questão não é ver se a culpa é do profissional ou se foi da cliente, mas de dar assistência, tanto a quem procurou o salão quanto ao cabelo, que pode demorar mais de dois anos para voltar ao normal. Nesse período há uma série de protocolos, como reconstruções, hidratações e cortes, que devem ser realizados. Além disso, a cliente fica fragilizada e com a autoestima muito baixa. Temos que fazê-la se sentir o melhor possível”, diz Denise.