Murilo Reggiani é daquelas pessoas que transcendem a profissão. No caso dele, deixou de ser empresário para se tornar personagem do setor da beleza. Com 30 anos de atuação, apaixonado pelo varejo e de perfil amistoso, virou figura querida e reconhecida por ter fundado, ao lado da sócia Daniela Cruz, a Vult – marca que ficou sob sua tutela durante 15 anos, contribuiu significativamente para o desenvolvimento da categoria de maquiagem no varejo brasileiro e, devido ao sucesso estrondoso, despertou o interesse do Grupo Boticário. Os termos do acordo de compra incluíram uma cláusula de não competição, que exigiu que Murilo se afastasse do ramo por sete anos.
O tempo de reclusão finalmente passou e ele não só está de volta como trouxe junto a Itely, marca italiana de produtos capilares, com 37 de existência e da qual se tornou sócio-diretor de varejo para Brasil e América Latina. A seguir, em entrevista exclusiva e, como não poderia deixar de ser, marcada pela emoção, Murilo Reggiani fala sobre o período afastado, o retorno triunfal e os planos para o futuro; acompanhe.
Como foi ficar 7 anos fora do mercado de beleza, por questões contratuais envolvendo a venda da Vult, e voltar agora?
Vou responder sendo contraditório: foi um período muito longo que passou ‘rápido’. A venda da Vult ao Grupo Boticário, um gigante do setor da beleza que sempre admirei, foi a consagração de um trabalho bem feito. Porém, saber que no dia seguinte eu estaria ‘fora da pista’ foi tenso. Mas, os amigos que acumulei no setor continuaram me convidando para os principais eventos, o que me manteve conectado e confortou meu coração. O ponto alto dessa pausa foi poder curtir minha família como eu nunca havia feito antes. Também tive tempo para analisar outros setores, investi no ramo imobiliário, hoteleiro e em algumas startups. No entanto, a cada olhar para novos mercados, ficava mais convicto do quanto amo e preciso do setor da beleza. E, graças a Deus, estou de volta.
O mercado da beleza é extremamente dinâmico, especialmente no Brasil. Depois de 7 anos fora, o que mais te impactou ao retornar?
O que mais me fascina no setor da beleza, e o que senti falta ao longo desses sete anos, é o seu dinamismo e as pessoas à frente dele. É impressionante observar, em um intervalo de tempo tão curto, mesmo após a pandemia e as crises, o quanto o mercado evoluiu. As lojas especializadas se expandiram e multiplicaram-se em uma velocidade impressionante, tornando-se cada vez mais completas e proporcionando experiências de compra muito melhores. A profissionalização do setor atingiu um nível que não deixa nada a desejar em comparação a nenhum outro lugar do mundo; ao contrário, ouso afirmar que é de fazer inveja. Temos as melhores, maiores, mais bem preparadas e mais belas lojas de beleza do mundo. O Brasil está à frente de qualquer mercado quando se refere a varejo especializado em beleza.
Como foi o convite para atuar na Itely? Quais perspectivas você enxergou para aceitar essa proposta em vez de seguir com a ideia de investir em um projeto pessoal?
A decisão de aceitar o convite da Itely foi motivada pelo desejo mútuo de restabelecermos nossa presença no mercado brasileiro. A Itely já teve uma atuação relevante no Brasil, mas, até então, apenas no segmento profissional. Quando me procuraram, condicionei meu aceite ao desafio de, juntos, criarmos a divisão de produtos Itely Varejo. A ousadia deles em abraçar esse desafio, aliada à qualidade e à relevância da marca, presente em mais de 90 países, e ao meu relacionamento com o varejo de beleza, me faz acreditar que esta é uma oportunidade ímpar para acelerarmos nosso crescimento.
Como sócio-fundador da Vult, você criou uma marca querida e de enorme sucesso nos 15 anos que esteve à frente dela. Após profunda expertise em maquiagem, como é encarar o setor de cabelo? O que muda? Ou ‘tudo é negócio’?
Os 15 anos em que estive à frente da Vult foram os melhores da minha vida. Alcançamos sucesso como marca e empresa, além de contribuirmos significativamente para o desenvolvimento da categoria de maquiagem no varejo. Em contrapartida, a categoria de cabelo é muito mais consolidada, com a forte presença de gigantes multinacionais e, especialmente, de marcas nacionais extremamente competentes e relevantes. Quando iniciei a Vult, nosso principal desafio era criar a categoria de maquiagem dentro do varejo, e conseguimos. Agora, com a Itely, o desafio será conquistar relevância em um mercado já estabelecido. São desafios distintos, mas igualmente estimulantes.
Quais os desafio de trazer de volta ao Brasil uma marca que já foi sucesso por aqui, mas deixou de ser comercializada? Como é ter que trabalhar ao mesmo tempo a memória afetiva de quem já conhece a marca para voltar a consumi-la e apresentá-la a quem ainda não a conhecia?
O sucesso que a Itely já teve no mercado nacional é uma alavanca para este novo momento da marca no Brasil. A memória afetiva das pessoas que já usaram a Itely é muito positiva, devido à alta qualidade de seus produtos. Isso despertará o desejo de experimentar os novos itens desenvolvidos para o consumidor final, tanto entre aqueles que já conhecem a marca quanto entre o público mais jovem, que ainda não teve a oportunidade de utilizá-los. Essa conexão emocional e a validação da marca por parte de quem a conhece serão fundamentais para atrair novos consumidores e fortalecer a presença da Itely no mercado.
Itely tem força no setor profissional, está em salões de mais de 90 países. Se este já é um ‘caminho certo’, por que você optou por desenvolver uma linha para o varejo como forma de anunciar o retorno da marca ao Brasil?
O sucesso e a presença global da Itely Profissional nos salões de beleza ao redor do mundo me fizeram perceber uma grande oportunidade de levar a marca também ao consumidor final, por meio das lojas especializadas, um canal que conheço, tenho relacionamento e amo. Lancei o desafio, e eles prontamente embarcaram neste projeto comigo. A expertise e o prestígio da Itely em coloração e tratamentos profissionais, aliados ao meu relacionamento com o varejo, nos revelaram um horizonte promissor. O sucesso da linha profissional valida o sucesso da nova linha de varejo e, muito em breve, vice-versa.
O lançamento de Itely aconteceu na Beauty Fair. Como foi a reação das pessoas e dos lojistas ao seu retorno, ao da marca e de vocês dois juntos?
Acolhimento é o que melhor define meu retorno junto da Itely, celebrado na Beauty Fair 2024. A recepção calorosa dos lojistas, meus grandes amigos, e do mercado da beleza como um todo me surpreendeu. Tenho consciência do relacionamento que construí ao longo dos meus 30 anos de atuação no setor, assim como da relevância da marca Itely em seus 37 anos de existência. No entanto, a torcida que recebi me mostrou que não tenho clientes nem concorrentes; tenho grandes amigos e parceiros de uma vida. Todos foram me prestigiar e abraçaram meu retorno com muito carinho, apoio e entusiasmo. Minha gratidão é eterna!
Quais as estratégias e relacionamento com os lojistas para dar capilaridade à Itely em todas as regiões do Brasil e, depois, América Latina dentro do tempo estipulado por vocês?
O lançamento ocorreu na Beauty Fair, em setembro de 2024, e começamos a comercializar em meados de outubro, inicialmente em São Paulo, onde já estamos bem posicionados nas principais lojas especializadas. A recepção e o apoio do varejo têm me surpreendido e emocionado. Agora, estamos prontos para expandir para outros estados do Brasil, posicionando a marca Itely em todos os principais varejos e, posteriormente, buscando maior capilaridade. Nosso maior desafio será apresentar a marca, seus diferenciais e benefícios, estimulando a experimentação e a conversão do cliente final. Temos o apoio do varejo e não vamos decepcioná-lo. Na sequência, após tudo estruturado e funcionando por aqui, seguiremos para debutar em outros países da América Latina.
Quais os planos para 2025?
Vou listar os quatro principais: posicionar a Itely em todas as cidades e Estados do Brasil, promover e dar visibilidade à marca, atender com excelência e ser relevante para nossos parceiros e, importantíssimo, me divertir no percurso.