Educação que transforma o setor: líderes discutem os novos caminhos da formação profissional na beleza

Líderes de educação da beleza se reúnem no Blue Note São Paulo para debater o futuro da formação profissional do cabeleireiro no Brasil.

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FigCaption Imagem: Divulgação Beauty Fair Co.
Por Redação em 04/11/2025 Atualizado Atualizado: 06/11/2025 às 10:56
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Líderes do setor de beleza se reuniram no Blue Note São Paulo para discutir a formação profissional dos cabeleireiros no Brasil durante o Dia do Cabeleireiro, em um evento promovido pela Beauty Fair Co. O painel, mediado por Marie Suzuki, abordou a importância das marcas na educação, a necessidade de um reconhecimento formal da profissão e a evolução do ensino para incluir gestão e marketing, além das técnicas tradicionais. Com base em uma pesquisa da L’Oréal, os participantes destacaram a urgência de se focar na educação emocional, financeira e técnica, enfatizando que o cabeleireiro do século 21 deve ser também um empreendedor. O encontro culminou no desejo de transformar a profissão em uma carreira de prestígio, com certificação oficial e maior valorização social.
Resumo supervisionado por jornalista.

Em um encontro promovido durante o Dia do Cabeleireiro, a Beauty Fair Co. reuniu executivos e líderes educacionais das principais marcas da beleza para um debate sobre o futuro da formação profissional no setor de beleza. 

O evento, realizado no Blue Note São Paulo, contou com a presença de Débora Maciqueira, Diretora de Educação (“Education Director”) da L’Oréal Professionnel; Débora Venturini, Head Education – Senior Manager da Wella Company; Camila Abrantes, Head de Educação da Alfaparf Milano (Brasil); Vitor Hugo, Gerente Técnico e Educacional (“Technical & Educational Manager”) da Itallian Hairtech; Eduardo Tegeler, CEO e Presidente do Instituto Embelleze; e Silma Freitas, Coordenadora de Educação da Taiff.

Com o tema “Educação que transforma o setor”, o painel levantou reflexões sobre o papel das marcas na formação dos profissionais, a carência de base educacional formal, e os desafios de reposicionar o cabeleireiro como protagonista em um mercado cada vez mais digital, competitivo e multidisciplinar.

O painel foi mediado por Marie Suzuki Fujisawa, gestora de Relacionamento Institucional da Beauty Fair Co.

A busca por reconhecimento: do ofício à profissão

Vitor Hugo, Gerente Técnico e Educacional da Itallian Hairtech, destacou que o setor de beleza no Brasil ainda enfrenta um desafio estrutural: a falta de reconhecimento formal da profissão. “Durante muito tempo nossa profissão foi vista apenas como uma ocupação. O certificado tem um valor simbólico e social enorme – ele representa pertencimento e valorização”, destacou.

O grupo também refletiu sobre o impacto geracional dessa realidade. “Nós, geração X, crescemos ensinando nossos filhos a não seguirem essa profissão. Hoje, queremos justamente o oposto: que sintam orgulho dela”, pontuou Débora Venturini Head Education  da Wella, ao comparar o avanço de áreas antes vistas como “alternativas”, como a gastronomia, que se reposicionaram como carreiras de prestígio.

O papel das marcas na formação: o desafio de equilibrar propósito e negócio

Um dos temas mais provocativos do encontro foi o papel das marcas no desenvolvimento educacional. “No Brasil, quem faz educação são as marcas”, afirmou Vítor, ao reconhecer o protagonismo e a responsabilidade das empresas nesse processo.

Camila Abrantes, Head de Educação da Alphaparf, trouxe uma perspectiva prática do salão: “Sou cabeleireira e sei o quão carente é a educação nesse ambiente. É uma área que já sofre com a falta de estrutura em diversos níveis, e ainda mais em uma profissão na qual muitos entram por necessidade, não por escolha.

Débora Venturini, Head Education da Wella, reforçou que o modelo educacional do futuro precisa ser holístico e contínuo: “Não é mais apenas sobre ensinar cor e corte. É sobre ensinar gestão, marketing, finanças e emocional. Queremos acompanhar o cabeleireiro ao longo de toda a jornada profissional, do iniciante ao expert.”

Vitor Hugo também destacou o movimento figital (físico + digital) como tendência predominante na educação contemporânea, equilibrando experiências presenciais e plataformas online para atender diferentes perfis de alunos.

Dados, tecnologia e a nova era da educação em beleza

Débora Maciqueira, Diretora de Educação da L’Oréal, apresentou os resultados de uma pesquisa inédita realizada com mil profissionais de mais de 400 cidades brasileiras. O estudo identificou três pilares urgentes de atenção: educação emocional, financeira e técnica.

“Estamos revendo completamente o nosso modelo. A educação estava muito old school, acompanhando o marketing e não o negócio. Agora, buscamos unir inovação, propósito e impacto real”, afirmou.

A executiva revelou ainda que a L’Oréal vem testando o uso de inteligência artificial para aprimorar processos educacionais internos. Apesar dos resultados positivos, ela destacou a necessidade de curadoria humana para evitar imprecisões e reforçar a qualidade pedagógica.

Educação executiva e o perfil do novo cabeleireiro

Outro ponto abordado foi a educação executiva aplicada à beleza,  modelo que valoriza o aprendizado prático e a mentalidade empreendedora. Os participantes reforçaram que o profissional contemporâneo precisa dominar não apenas as técnicas, mas o posicionamento digital e a gestão do próprio negócio.

O cabeleireiro do século 21, apontaram, é multifacetado: atua como artista, influenciador, educador e empreendedor. “Hoje, não basta ser bom, é preciso parecer ser bom”, destacou Camila Abrantes, Head de Educação.da Alfaparf, referindo-se à importância das redes sociais como ferramenta de autoridade e validação.

Essa transição exige que o setor repense seus modelos de formação e incentive a visão empreendedora, especialmente entre os pequenos salões e autônomos, que ainda carecem de estrutura e apoio institucional.

O sonho para o futuro: certificação, pertencimento e orgulho

O encerramento do encontro foi marcado por um sentimento coletivo: o desejo de que a profissão seja finalmente reconhecida como carreira de prestígio. “Nosso sonho é ter um órgão que certifica oficialmente o profissional de beleza. Que o cabeleireiro possa se sentir pertencente e orgulhoso do que faz”, resumiu Débora Maciqueira, Diretora de Educação “Education Director” da Professional Product Division. 

Os líderes também destacaram o impacto geracional. Quatro gerações dividem hoje o mesmo espaço de trabalho, com visões distintas sobre sucesso e formação. Essa diversidade, segundo os debatedores, é justamente o que impulsiona a reinvenção da educação na beleza. 

Durante o encontro, Marie Suzuki reforçou que a educação no setor de beleza precisa ir além da técnica: deve inspirar autoconhecimento, fortalecimento de comunidade e orgulho pela profissão. Sua mediação ajudou a construir um ambiente de escuta ativa e colaboração entre os participantes, evidenciando o papel da Beauty Fair como plataforma de convergência entre educação, mercado e impacto social.

Para além dos números e estratégias, o consenso foi unânime: a educação é o eixo que sustentará o futuro do setor, garantindo não apenas a qualidade técnica, mas o reconhecimento social e emocional de uma categoria que movimenta bilhões e transforma vidas todos os dias.