Ela prevê faturar R$ 4 milhões fazendo unhas

Joyce Borges revela como fidelização, mentalidade empreendedora e treinamento da equipe fizeram sua esmalteria crescer do zero.

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Por Shâmia Salem em 28/10/2025 Atualizado Atualizado: 31/10/2025 às 03:53
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A manicure Joyce Borges, com 16 anos de experiência na área, compartilha sua trajetória de superação e empreendedorismo que a levou a fundar o Joyce Borges Nail Spa, projetando um faturamento de R$ 4 milhões para 2025. Desde a adolescência, a busca pela independência financeira a motivou a se especializar e abrir seu próprio negócio, que hoje conta com 20 manicures e atende cerca de 600 clientes mensalmente. Joyce atribui seu sucesso à fidelização da clientela, aprimoramento contínuo e uma gestão focada em cursos e mentorias empresariais. Além de sua esmalteria, ela também desenvolve uma mentoria para pequenas empreendedoras, embora tenha enfrentado dificuldades com uma linha de produtos de cosméticos que espera retomar em 2027.
Resumo supervisionado por jornalista.

Apesar de ter apenas 30 anos de idade, Joyce Borges já possui 16 deles de experiência como manicure especialista em alongamento de unhas. “Começar a trabalhar cedo não foi opção, foi salvação. Venho de uma família humilde e com uma série de problemas envolvendo alcoolismo e violência doméstica, principalmente contra a minha mãe. Foi nesse contexto que vivenciei o quanto é fundamental para uma mulher ser independente, primeiro financeiramente para, depois, conquistar sua independência emocional. O auge da dificuldade aconteceu quando minha mãe, desempregada, se separou do meu padrasto, e tivemos que morar em um barraco. Para ter acesso ao básico, como absorvente e desodorante, comecei a fazer unhas por R$ 5; eu tinha 14 anos”, conta.

Tudo mudou aos 17, quando Joyce ganhou um curso de nail designer e se surpreendeu com o impacto do alongamento de unhas na autoestima das clientes. “Ali me senti pronta para abrir meu primeiro negócio, sublocando uma sala em um espaço de beleza em Alphaville. Era longe de casa, tanto que saía às 5 da manhã e só voltava depois das 9 da noite, mas escolher uma região próspera, com gente bem sucedida, era o atalho para ganhar mais. Deu mais que certo, porque também fiz uma ótima clientela, que me acompanhou quando, inconformada por perder dinheiro por não ter agenda para atender todos que queriam horário comigo, decidi ir para um lugar só meu, bem maior e onde eu poderia ter colaboradoras”, completa ela, que já no primeiro ano de seu Joyce Borges Nail Spa faturou R$ 500 mil. 

De manicure à CEO

A estreia como empreendedora foi pesada, porque Joyce sabia fazer unhas, mas não tinha noção de negócios. “Mudar a mentalidade é mais difícil do que a gente pensa, ainda mais quando não se tem estudos e você se vê tendo que administrar uma empresa e gerir pessoas. Minha solução foi parar de atender como manicure para focar totalmente em cursos e mentorias voltadas para a área empresarial. Foi quando mais cresci”, diz ela, que profissionalizou seu nail spa, que hoje conta com especialistas em contabilidade, administração e marketing, além de uma equipe de 20 manicures. Na entrevista a seguir, Joyce fala dos bastidores, dificuldades e acertos que a fizeram caminhar para um faturamento de R$ 4 milhões neste ano; acompanhe.

Quais números lhe levaram à previsão de faturar R$ 4 milhões em 2025 com a sua esmalteria?

São muito, mas vou abrir alguns. Por mês, atendemos cerca de 600 clientes e o faturamento já ultrapassa os R$ 300 mil. O tíquete médio com a esmaltação em gel é de R$ 380, mas a entrada acaba sendo bem maior porque também fazemos muito spa dos pés. Apesar da unha durar cerca de um mês, temos um perfil de consumidora que volta antes, em torno de 20 dias.

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Você tem uma equipe grande, de 20 manicures. Quais as estratégias para garantir agenda para todas elas?

Temos uma excelente cartela de fidelização, com 500 clientes, e elas sabem que nossa agenda é bastante concorrida. Por isso, aderem com facilidade aos planos de agendamento antecipado, oferecido nas versões para 3 e 6 meses. A estratégia deu mais que certo, porque não só nos levou a atender na capacidade máxima da equipe como exigiu que eu fizesse uma reforma para ampliar o espaço e me programar para uma segunda esmalteria em breve.

Atender celebridades e influenciadoras ajuda nos negócios da esmalteria?

No nosso caso específico não, porque temos uma política de não expor nenhum cliente, pedir foto ou gravação de vídeo para divulgar o espaço. Essa discrição, principalmente em um lugar onde a pessoa foi para se cuidar e relaxar, ajuda muito mais nos negócios e na fidelização do que um post “ostentando” a presença de alguém conhecido do grande público.

Você parece não sofrer de um problema que acomete outras esmalterias e salões de beleza, que é a alta rotatividade de manicures. Qual o seu segredo para a retenção dessas profissionais?

Como já estive do outro lado, sei quais são as dores e desmotivações das manicures. Por isso tenho o cuidado de colocar em contrato tudo o que foi acordado entre as partes, invisto em estações de atendimento confortáveis, em horários de trabalho flexíveis, em ações administrativas e de marketing que ajudem a manter a agenda cheia e em atualização constante, já que o cliente não fideliza quando falta qualidade no serviço prestado. Eu mesma treino a equipe para a aplicação da minha técnica, o que ainda ajuda a evitar que eu fique refém das boas profissionais e consiga ter o controle da minha marca.

Paralelo a esmalteria, você toca dois outros negócios: uma mentoria para pequenas empreendedoras e uma linha de produtos para spa de pés e mãos, sendo que esse segundo não trouxe o retorno esperado. O que aconteceu?

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Sempre sonhei em ter uma linha própria de cosméticos. A ideia era trabalhar o posicionamento da minha marca e criar um ecossistema forte, que no futuro ainda poderia incluir franquias ou licenciamentos. Mas o negócio não aconteceu como eu esperava, e já constatei que um dos problemas foi não ter colocado energia suficiente para fazer um bom marketing. Faltou braço! Como é um projeto muito querido, estou me organizando para retomá-lo em 2027. Já a mentoria está fluindo bem, porque atendo um nicho específico e que conheço a fundo: o de donas de espaços de beleza que faturam entre R$ 10 mil e R$ 20 mil por mês e querem crescer, mas que, assim como eu, começaram do zero, sozinhas, sem recursos e sem conhecimento de negócios, que não sabem precificar, contratar, monetizar. Se eu consegui, tenho certeza de que, com ajuda, elas também vão chegar lá.