A rede norte-americana de lojas de beleza Ultra Beauty acaba de anunciar uma queda nas vendas de 1,2% no segundo trimestre deste ano. De fora, o número pode parecer pequeno, mas, internamente, ele já acendeu todos os sinais de alerta. A visão da companhia é de que o crescimento sem precedentes pós-pandemia em beleza pode estar chegando ao fim; e a perspectiva é de decepção já para o ano que vem.
O cenário que a direção da rede vê no horizonte é a de um varejo mais competitivo e um consumidor que começa a mudar seu comportamento, ficando cada vez mais consciente do valor das coisas e cauteloso com seus gastos, descreveu o CEO da Ultra Beauty, Dave Kimbell, durante a conferência da empresa para a divulgação desses resultados. E ele emendou seu discurso anunciando que, como consequência, a companhia ajustou sua previsão para o ano fiscal de 2024: em vez de vendas líquidas na casa dos 11,6 bilhões de dólares, a expectativa é de que elas fiquem na faixa dos 11 bilhões de dólares.
Impactos da competitividade em beleza
A competição em beleza está mexendo mesmo com o sono e os sonhos da Ultra Beauty. Para ter ideia, mais de 80% das lojas da rede foram impactadas por uma ou mais inaugurações de outras empresas nos últimos anos. E isso mesmo com a Ultra Beauty tendo aberto 17 novas lojas durante o segundo trimestre, além de realocar um de seus espaços, remodelar outros nove e fechar um.
Mas a gigante segue lutando. E o contra-ataque tem vindo por meio de sua clássica oferta de marcas de beleza exclusivas, além de duas novas estratégias: oferecer marcas de cosméticos recém-lançadas por celebridades, como a linha Orebella, de Bella Hadid, e Wyn Beauty, de Serena Williams; e introduzir novas marcas que também são vendidas na concorrência, caso da linha e maquiagem limpa Ilia Beauty, já disponível na Sephora e na Credo Beauty.
Epidemia de redução nas vendas de beleza?
Ao que tudo indica, a desaceleração nas compras de beleza não está sendo sentida apenas pela Ultra Beauty, que viu até mesmo a participação das vendas de cuidados com os cabelos caírem de 22% para 20%. Quem também anunciou enfraquecimento no caixa foi o conglomerado de beleza Estée Lauder, do qual fazem parte Tom Ford Beauty e Le Labo, que viu uma queda de 2% nas vendas líquidas. Junto com o relato de uma visão decepcionante para 2025, veio a notícia da saída de seu CEO, Fabrizio Freda.
Cheiro de esperança
Em meio a tantos números negativos, a Ultra Beauty tem, sim, o que comemorar. Segundo o CEO Dave Kimbell, as vendas de perfumes na rede seguem trazendo excelentes resultados, com um crescimento de dois dígitos – 11%! Tamanho sucesso se deve principalmente a novas fragrâncias comercializadas com exclusividade na Ultra Beauty, entre elas Kylie Jenner e Noyz.
O otimismo também vem sendo alimentado pela proximidade das festas de fim de ano, época em que bomba os programas de fidelidade, as promoções e as ofertas de marcas de beleza de massa e de prestigio. “Nossos clientes continuam dizendo que amam tudo isso, junto com o fato de fazermos entregas de forma ominichannel, na loja física e no ambiente online”, entregou o CEO da Ultra Beauty.