Por muitos anos, a cultura mainstream guiou tendências, moldou comportamentos e ditou padrões na moda, música e, claro, na beleza. Mas o jogo mudou.
A era das megatendências unificadoras está cedendo espaço a algo mais fragmentado, mais personalizado e, ao mesmo tempo, mais poderoso: as microculturas. E para a indústria da beleza, isso representa um mundo de novas possibilidades.
A Daniela Dantas, VP da WGSN LATAM, destacou durante o RD Summit 2024 que estamos vivenciando o declínio da cultura pop de massa como a conhecíamos: “Nos próximos dois anos, a Geração Z vai impulsionar o surgimento da microcultura, abrindo espaço para criadores, comunidades e plataformas de nicho que querem reduzir o tamanho da internet”, aponta Daniela.
Este movimento não é apenas uma tendência, mas uma transformação estrutural. Em um contexto onde 91% dos jovens americanos entre 18 e 25 anos afirmam que a cultura pop de massa já não existe, as marcas precisam ajustar suas estratégias para essa nova realidade.
Comunidades formadas por interesses específicos, valores compartilhados e propósitos autênticos agora lideram o consumo de conteúdo, inspiram decisões de compra e criam novas oportunidades para quem souber inovar.
Oportunidades para a indústria da beleza no fim do mainstream e na era das microculturas
Para as marcas de beleza, é a chance de se aproximar de consumidores que buscam produtos que reflitam suas identidades únicas, seus valores e gostos coletivos — aquele sentimento de conexão e propósito que surge quando as pessoas se reúnem em torno de causas que realmente importam.
E a indústria pode aproveitar essas oportunidades de diversas maneiras, como:
1- Personalização com produtos sob medida
A personalização deixa de ser um diferencial e se torna uma realidade. Tecnologias como inteligência artificial e impressão 3D permitem criar itens que atendam a necessidades específicas, como bases com tons exatos para cada tipo de pele ou tratamentos capilares personalizados baseados na análise de DNA.
2- Colaborações com criadores de nicho
Influenciadores de grande escala estão sendo substituídos por microinfluenciadores que têm uma audiência menor, mas extremamente engajada. Marcas podem criar produtos em parceria com esses criadores para atingir comunidades específicas.
3- Valorização da beleza regional e cultural
O declínio da cultura de massa abriu espaço para a valorização da diversidade. Marcas podem se inspirar em tradições locais para desenvolver artigos que celebrem e respeitem a cultura regional.
4- Experiências exclusivas para comunidades online
Plataformas de nicho e comunidades online têm um potencial gigantesco para impulsionar o consumo. Marcas podem oferecer experiências personalizadas para esses grupos, como pré-vendas, eventos exclusivos e coleções limitadas.
5- Produtos que defendem causas e propósitos
Consumidores, especialmente os mais jovens, priorizam marcas alinhadas com valores como sustentabilidade, inclusão e ética. Empresas que assumem compromissos reais podem construir conexões profundas com públicos de nicho.
6- Gamificação e experiências no metaverso
Com o crescimento de realidades virtuais, marcas podem criar experiências imersivas para atrair novos públicos. Esse é o espaço ideal para explorar identidades digitais e conectar-se com consumidores que desejam experimentar tendências de maneira virtual antes de levá-las para o mundo real.
7- Serviços baseados em comunidades locais
Em um mundo cada vez mais conectado, a valorização do local e do pequeno produtor ganha força. Empresas podem desenvolver produtos e serviços exclusivos para atender as demandas de comunidades específicas.
A fragmentação da cultura mainstream representa uma revolução na maneira como a beleza é criada, vendida e vivida. Ao abraçar a diversidade e as microculturas, as marcas têm a chance de se tornarem mais humanas, relevantes e impactantes.