Forum do Varejo Beauty Fair 2024

Fórum do Varejo aborda futuro do mercado de beleza e a importância dos dados para o setor

Beauty Fair convida mais de mil lojistas para encontro de debates e networking

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Por Renata Tarrio em 07/09/2024 Atualizado: 18/09/2024 às 19:30

O Fórum do Varejo promovido anualmente pela Beauty Fair 2024 reuniu líderes e especialistas do mercado de beleza para discutir as tendências, desafios e oportunidades do setor. Durante o evento, temas como inovação, inteligência de mercado, transformações tecnológicas e mudanças no comportamento do consumidor foram amplamente debatidos, oferecendo insights valiosos para o futuro da indústria de cosméticos, perfumaria e cuidados pessoais.

Cesar Tsukuda, Diretor Geral da Beauty Fair, destacou a importância da utilização estratégica de dados para impulsionar a performance do setor. “Estamos trazendo dois grandes projetos que fortalecem nossa iniciativa de Beauty Intelligence: Scanntech e Retail Maps. A Scanntech captura informações detalhadas ticket a ticket dentro das perfumarias, gerando insights por loja, e já lidera a leitura do canal de perfumaria no Brasil com 38 das 86 maiores redes do país integradas ao projeto. Nosso objetivo é capacitar varejistas e a indústria para interpretar e utilizar esses dados de forma estratégica, impulsionando sua performance no mercado”,

O uso de dados como alavanca de crescimento

O estudo revelou que o que as pessoas mais apreciam nas perfumarias é encontrar tudo o que precisam, mencionado por 74% dos entrevistados. Além disso, a experiência de compra foi destacada por 87%, mostrando que o ambiente físico ainda tem grande importância.

A pesquisa também apontou que 71% dos consumidores preferem realizar suas compras em lojas físicas, mesmo em um cenário de crescimento do e-commerce. Outra descoberta interessante foi que 69% dos consumidores gostam de ver lançamentos, ressaltando a importância de novidades no mix de produtos das lojas.

Um dado que chama a atenção é o comportamento de compra impulsiva: 83% dos consumidores acabam comprando mais do que planejaram inicialmente ao visitar perfumarias, o que sugere que a exposição de produtos e a experiência de compra desempenham um papel fundamental no aumento das vendas.  

“Os dados representam o próximo estágio de evolução para o canal de perfumaria. Com eles, será possível não apenas elevar a performance dos resultados, mas também realizar investimentos mais precisos, melhorar as margens e obter uma compreensão mais profunda do mercado. Além disso, os dados permitirão oferecer uma experiência superior ao consumidor, com um portfólio e serviços mais alinhados às suas necessidades, e identificar oportunidades estratégicas de ocupação de mercado”, Cesar Tsukuda.

Além disso, segundo Cesar, os dados permitem que as empresas compreendam melhor o mercado e ajam de forma estratégica. “Com uma base de comparação sólida, você poderá avaliar seu desempenho em relação ao mercado segmentado por diferentes canais. Poderá comparar seus preços com a média do mercado, identificar quais os produtos de alto desempenho ainda não estão no seu mix e negociar de forma mais eficaz com fornecedores que estão crescendo mais no mercado do que sua rede.”

Cesar também observou um boom nas lojas especializadas em maquiagem e skincare: “Já temos redes com mais de 20 lojas, algumas em modelo de franquias. É importante olhar para essas novas alavancas de crescimento para além de cabelos”.

A volatilidade econômica e a mudança demográfica

Zeina Latif, ex-Secretária de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado de São Paulo, abriu o fórum abordando questões macroeconômicas que afetam o varejo de cosméticos. “Provavelmente vamos continuar com a volatilidade do dólar. Mas a inflação no atacado, inclusive em cosméticos, perfumaria e produtos de higiene pessoal, não gera tantas preocupações. O consumidor também não parece entrar num quadro de margens muito comprimidas. Quando olhamos o histórico desde os anos 1980, há menor crescimento econômico e maior volatilidade, mas com avanços”, comentou Zeina.

Ela também chamou atenção para uma importante questão demográfica que impactará o mercado nas próximas décadas: “Em 2042, o Brasil começará a ter déficit populacional. Subirá o número de pessoas com mais de 60 anos e cairá o número de jovens. Hoje o fluxo de pessoas que entram no mercado de trabalho já é menor que o de pessoas saindo. É preciso, portanto, ajustar os negócios para uma realidade demográfica diferente.”

Inovações tecnológicas e o impacto da IA no varejo

Fabio Startse

Fabio Neto, Chief Strategy Officer da Startse, trouxe à tona a importância de se antecipar às transformações tecnológicas e de mercado. Segundo ele, a inteligência artificial (IA) está mudando profundamente a maneira como as empresas operam. “Existe um novo jeito de fazer acontecer. O mundo mudou e a dinâmica do mercado global também. As transformações acontecem nos corredores. Quanto mais focado estou no meu negócio, mais míope fico do que está acontecendo no mercado. Como capturar essas coisas? Precisa descobrir antecipadamente os sinais que vêm em sua direção.”

O gestor enfatizou a necessidade de adaptação à IA. “O Satya Nadella, CEO da Microsoft, disse que a Inteligência Artificial é como um maremoto: primeiro vem uma onda e depois um tsunami. Estamos vivendo a ondinha. Nossa produtividade foi reimaginada. Quando nasce uma nova IA, nasce o ‘novo ineficiente’, porque já existem novas formas de ser mais produtivo.”

Ele também destacou o papel central da IA no varejo: “IA não é tema de inovação, é uma disrupção na lógica linear de produtividade. As máquinas começaram a conversar e criaram virtual squads para as empresas.”

A força das marcas e o poder das histórias

Caito Maia, fundador da Chilli Beans, reforçou no Fórum do Varejo a importância do digital para seu negócio, mas sem perder o foco nas estratégias tradicionais. “Nossas vendas digitais foram de 3% para 18%, ou seja, voou. Com a parceria com o Mercado Livre, as vendas da Chilli Beans triplicaram. Mas as mídias tradicionais ainda têm um grande efeito na nossa marca: TV, rádio, outdoor são importantes. Nossa verba de marketing é 50% para o online e 50% para as mídias tradicionais”, compartilhou.

Para Caito, independente da mídia, contar histórias faz parte da estratégia de construção de marca. “O que faz uma pessoa comprar e pagar mais é a marca. A gente começou a contar história para todo produto que lança. Agora, inclusive, a Chilli Beans vai lançar um filme com a nossa história”, revelou.

Fórum do Varejo discute mercado de fragrâncias: uma categoria em ascensão

No painel sobre o mercado de fragrâncias, Bruno Wolmer, Vice-Presidente Comercial da Coty, e Diego Costa, Diretor Executivo do Grupo Boticário, destacaram o potencial dessa categoria. “A penetração da categoria de fragrâncias no Brasil gira em 50%. A maioria dos brasileiros não comprou uma fragrância nos últimos dois anos. Essa ainda é uma oportunidade para a gente explorar”, comentou Diego.

Igor Bacchi, Sócio-Diretor da BIM, enfatizou o papel dos dados para entender as tendências de consumo e preferências olfativas no Fórum do Varejo. “Nosso maior desafio é mudar o mindset da categoria, entender as diferenças e evoluir. Hoje existe pouca ou nenhuma captura de dados para lifestyle e é importantíssimo para saber traçar tendências e fazer escolhas para os PDVs.”