Em novembro, a Colômbia foi palco da 16ª Conferência da ONU sobre a Diversidade Biológica (COP16), que tinha como objetivo avançar em direção a metas que visam deter o rápido declínio da natureza até 2030. Um dos marcos do evento, que contou com representantes de quase 200 países, foi o acordo exigindo que empresas de setores como beleza e farmacêutico paguem pelo uso de informações genéticas derivadas da biodiversidade.
Esses dados, conhecidos como DSI, sigla em inglês para sequenciamento genético digital de plantas, animais e micro-organismos, postos à disposição da comunidade cientifica, são usados para desenvolver, por exemplo, novos ingredientes e cosméticos. O que se busca é que grandes empresas que se beneficiam comercialmente dos DSI contribuam para a manutenção desse banco de dados genético. Quanto ao valor, ele seria baseado em uma porcentagem de 1% dos lucros ou 0,1% da receita da companhia. “O sinal claro enviado pela COP16 é que as grandes corporações devem pagar suas dívidas pela proteção da natureza”, disse em coletiva de imprensa o chefe do programa de natureza do Greenpeace Austrália Pacífico, Glenn Walker.
Importância do acordo
Para entender melhor a relevância do acordo firmado na COP16, vale refletir sobre o seguinte paralelo: antes, existia a chamada biopirataria, em que países florestais como o Brasil tinham suas sementes e plantas saqueadas para que se desenvolvesse novos produtos e os patenteassem sem qualquer contrapartida para o Brasil. Hoje, essas mostras têm seu genoma codificado por cientistas, que armazenam tais informações em bancos de dados para uso de toda a comunidade internacional. Porém, alguns países ricos e indústrias bilionárias argumentam que não deveriam contribuir com o fundo porque são eles próprios quem sustentam esses bancos de dados ou que a repartição deveria ser voluntária. Tudo amplamente rejeitado.
Agora é esperar para que a prática aconteça e seu reflexo seja sentido no meio ambiente.