Marco Antonio de Biaggi: “Sempre fui um garoto cheio de sonhos”

O cabeleireiro das celebridades mais famoso do Brasil compartilhou sua história de inspiração para gestores de salões na Beauty Fair 2022.

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Por Ligia Favoretto em 31/10/2022 Atualizado: 20/12/2023 às 12:40

“Quero ser deste mundo!”, disse o ainda garoto Marco Antonio de Biaggi, andando pela rua, quando avistou uma capa da revista Nova.

Podemos dizer que, hoje, Biaggi não só pertence, como dominou o mundo da beleza. Paulistano, de origem humilde, o também empresário do MG Hair é um dos mais consagrados e premiados cabeleireiros. Já cuidou dos cabelos de atrizes e modelo consagradas, tornando-se um ícone quando o assunto são as madeixas.

De Biaggi foi escolhido para contar a sua história de superação em palestra durante o Seminário de Gestão de Salões, da Beauty Fair 2022.

Ele iniciou sua fala contando sobre o poder da visualização e da gratidão e contou que costuma escrever, detalhadamente, suas metas de um, cinco e dez anos.

“Escrevo a lápis os meus sonhos mais secretos e não mostro para ninguém. Sempre dá certo!”, conta Biaggi.

A escolha pelo mundo da beleza

O empresário que teve já uma loja de bomboniere e quebrou no Plano Cruzado, não sabia ao certo o que fazer da vida, como muitos dos jovens, mas decidiu ser cabeleireiro porque os amigos que atuavam nessa área tinham dinheiro e ele queria dar uma vida melhor aos pais.

“Passei na primeira prova do Senac. Na segunda, que era para ter uma harmonia com grupo, tive de responder porque eu queria ser cabeleireiro. Disse que queria ser famoso, fazer capa de revista, estar na primeira fila dos desfiles e viver em Nova York. Resultado: reprovado!”, relembra.

“No fundo, gente, eu era um garoto cheio de sonhos e assim sou até hoje.”

Depois disso, Biaggi não desistiu e acabou fazendo o curso no Senac. A partir daí, passou a trabalhar em um salão, mandou fazer um cartão de visitas e começou a distribuir.

O começo das grandes capas de revista

As oportunidades foram surgindo e De Biaggi não negava nenhuma delas.  Ele foi chamado pela Companhia de Cinema para testes com mais de 50 modelos, campanhas e comerciais, mas o que ele queria mesmo eram as revistas, ele queria o glamour.

“Fui em uma agência chamada Boys. Eu era ninguém e me davam trabalho medíocre. Mas eu pensava que um dia a sorte iria chegar e chegou”, conta.

“Certa vez, me pediram para fazer uma foto da diretora. São 12 fotos, uma por mês, mas o cabelo é o mesmo. Pensei: Espírito Santo, esta mulher tem que se apaixonar por mim! Cheguei lá e ela me perguntou se eu tinha trabalho segunda-feira, comentando que estava cansada da sua equipe e que queria mudar a capa da Nova. Aí eu falei: preciso olhar a minha agenda”, lembra rindo, pois, nem agenda de papel ele tinha.

Biaggi conseguiu o trabalho, mas as algo inusitado aconteceu após a produção. A modelo, super famosa, morreu de overdose no dia em que a capa ia sair. “Não contem pra ninguém o que estão ou vão fazer, somente após 91 dias”, conta o cabeleireiro supersticioso.

Plateia do Seminário de Gestão de Salões de Beleza, na Beauty Fair 2022

Lições de vida

De ano em ano, Biaggi fez muitas capas importantes com famosas como Luísa Brunet, Adriane Galisteu, entre outras. No total produziu 398 capas de moda, o que leva 30 anos sem furar uma!

“Eu era um cabeleireiro milionário. Tinha carro, casa dos sonhos, ajudava todo mundo. Mas comecei a perder, sabe por que? Porque o sucesso quando é só seu, não vale nada”, ensina.

O empresário levou alguns golpes da vida. Perdeu seu grande amor, não conseguiu pagar um apartamento que tinha comprado, perdeu seu pai e foi diagnosticado com um linfoma. Ficou seis meses no hospital, 45 dias em coma; e por fim, a pandemia.

“A pandemia não acabava e perdi um contrato milionário com a Avon. Mas fui resistente e não mandei ninguém do meu salão embora”, contou emocionado.

“Detesto a palavra reinventar, mas eu me reinventei. Fiz um investimento e trouxe diversas melhorias para o meu negócio. Se antes você cortava 100 cabelos e agora corta 70, tem que segurar as pontas, se manter em pé e identificar como pode se diferenciar”, finalizou.