Comemorado desde 1992, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, surgiu para denunciar a opressão e discutir soluções contra o racismo e o sexismo enfrentados por essas mulheres. A data, instituída durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma de grande importância.
De acordo com os dados do último relatório sobre desenvolvimento humano do Pnud, as mulheres negras representam 60 milhões da população brasileira, ou seja, 28,5% do total. Apesar disso, muitas ainda relatam as dificuldades em encontrar produtos, cosméticos ou, até mesmo, itens de skincare específicos para pele negra. É o que revela uma pesquisa feita pela DSM com 106 mulheres negras, onde 65,09% relataram dificuldade em encontrar produtos para seu tipo de pele.
A representatividade e a inclusão no mercado de beleza são temas que têm ganhado destaque nos últimos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer para atender plenamente às necessidades das mulheres negras. Embora sejam grandes consumidoras, ainda enfrentam desafios significativos ao buscar produtos que realmente atendam às suas características e preferências. Por isso mesmo, o debate tem se estendido a eventos da área, como o Congresso de Maquiagem da Beauty Fair 2024, que abordará a história e evolução da beleza negra.
No Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, apresentamos alguns insights sobre a realidade deste público na indústria da beleza, e como as marcas, e os profissionais do setor, podem traçar estratégias para aumentar a representatividade e escalonar produtos que atendem às demandas dessas mulheres.
Mulheres negras ainda se sentem pouco representadas no mercado de beleza
Apesar dos avanços em diversas áreas, a situação das mulheres negras no mercado de beleza ainda revela profundas desigualdades. Uma pesquisa recente da DSM com 106 mulheres negras, de 18 a 44 anos, revelou que 41% não se sentem representadas pela mídia brasileira. No entanto, 53,77% perceberam uma melhoria na diversidade étnica na mídia, especialmente em propagandas de cosméticos de cuidados pessoais, onde 39,62% relataram ver pessoas negras frequentemente e 42,45% ocasionalmente.
Essa mudança é reflexo da expansão das marcas e produtos voltados para cabelos afro e cacheados. No entanto, a representatividade ainda está aquém do ideal. As participantes da pesquisa destacaram a necessidade de maior diversidade nas campanhas publicitárias (50%) e um portfólio mais amplo de produtos específicos para suas necessidades (19,81%).
Desafios na escolha de produtos para pele negra
Dados divulgados pela Think with Google revelaram que metade das mulheres pesquisava e comprava maquiagem específica para pele preta ou parda. Na mesma época, observou-se um aumento de 80% nas buscas por diversidade relacionadas ao cabelo e de 15% nas buscas por skincare para diferentes tipos de pele. Esses números demonstram um mercado em evolução, mas que ainda está longe de ser inclusivo.
A pesquisa da DSM apresentou que um dos maiores desafios das mulheres negras é a identificação de produtos de beleza adequados para sua pele. Cerca de 65,09% das entrevistadas disseram que os produtos de maquiagem são os mais difíceis de escolher, seguidos dos tratamentos faciais (12,26%) e protetores solares (9,43%). Além disso, 96,08% das mulheres expressaram o desejo de ver mais produtos exclusivos para sua cor de pele, ressaltando a necessidade urgente de inovação e inclusão por parte das marcas.
A dificuldade em encontrar o tom certo de base ou corretivo, também se estende à compra de produtos de skincare. Muitas marcas brasileiras ainda privilegiam composições voltadas para tratar a pele branca, ignorando as necessidades de uma parcela significativa da população.
Inclusão de mulheres negras no mercado de beleza
Para que o mercado de beleza seja verdadeiramente inclusivo, é fundamental que as marcas desenvolvam produtos específicos para diferentes tipos de pele e promovam campanhas publicitárias que representem a diversidade de seus consumidores. Isso inclui investir em pesquisas de desenvolvimento de matéria-prima e ouvir as demandas das mulheres negras, garantindo que suas necessidades sejam atendidas. E isso não deve ser uma estratégia de marketing sazonal, mas um compromisso contínuo com a diversidade e a equidade.
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha é crucial para refletir sobre a importância da inclusão e da representatividade no setor e em todos os demais da sociedade. As mulheres negras merecem ser vistas, ouvidas e atendidas de forma justa e equitativa, celebrando sua beleza, força e resiliência todos os dias.
Josi Helena abordará a beleza negra no Congresso de Maquiagem Beauty Fair 2024
No dia 8 de setembro, o Congresso de Maquiagem Beauty Fair 2024, em São Paulo, será palco de uma palestra imperdível sobre “Beleza Negra: História e Evolução”, apresentada por Josi Helena. Conhecida por sua atuação transformadora na indústria, ela é maquiadora, cabeleireira, esteticista e educadora na Escola Madre. Sua missão é clara: desconstruir estereótipos e empoderar mulheres negras através da estética.
Josi Helena tem se destacado no cenário da beleza não apenas por suas habilidades técnicas, mas também por seu compromisso com a inclusão e a educação. Em seu trabalho diário, ela compartilha conhecimentos sobre skincare, maquiagem, cuidados com os cabelos e letramento racial. Suas redes sociais são um espaço de aprendizado contínuo, onde ela promove a valorização da beleza negra e combate os preconceitos ainda presentes no mercado.
Clique aqui e garanta sua vaga para o Congresso de Maquiagem 2024. O evento está previsto para acontecer no domingo, dia 8 de setembro, das 9h às 18h, no Expo Center Norte, em São Paulo.