Durante o Beauty Show 2025, um tema chamou a atenção nas falas de duas grandes referências brasileiras do mercado de beleza: Bruna Tavares e Mari Maria. Ambas destacaram como o futuro da beleza vai muito além da cobertura e da pigmentação. O próximo passo da indústria é sensorial, um caminho em que a textura, o toque e a experiência de uso ganham protagonismo e se tornam parte essencial do desejo de consumo.
Essa visão acompanha uma transformação global nas expectativas do público. Em um mercado cada vez mais informado e exigente, o consumidor não quer apenas um produto bonito no estojo ou na vitrine. Ele quer sentir a maquiagem na pele como um cuidado, uma experiência de bem-estar e até um momento de prazer.
Futuro da beleza: maquiagem sensorial já é realidade para marcas
O marketing sensorial tem ganhado força no setor e já mostra que é o futuro da beleza por sua capacidade de criar conexões emocionais profundas entre marca e consumidor. Mais do que entregar um produto funcional, ele busca ativar os sentidos para gerar memórias, vínculos afetivos e diferenciação em um mercado saturado. Quando uma marca investe na construção de experiências multissensoriais, ela está, na verdade, criando um ecossistema em que cada ponto de contato desperta uma emoção específica, seja o desejo, o conforto, a nostalgia ou a confiança.
O design chama o olhar; as texturas provocam o toque e prolongam o engajamento; os aromas criam identidade emocional; o som ativa a memória auditiva; e a história do produto âncora tudo isso numa narrativa que humaniza e valoriza o processo criativo.

Essa soma de estímulos transforma o simples ato de usar maquiagem em uma experiência imersiva. “Tudo na BT é pensado para despertar emoções e criar conexões reais. Começamos pela visão, com cores, design e elementos visuais muito específicos que identificam a marca de imediato. No tato, trabalhamos tanto as texturas das embalagens, com relevos e acabamentos, quanto as do próprio produto: textura plana, óleo, plush, velvet… gostamos de brincar com essas sensações. O olfato também tem um papel importante: buscamos sempre um cheirinho que traga conforto”, compartilhou Bruna Tavares no Beauty Show.
Segundo a empresária e influenciadora, até o som é incluído nesse processo. “Pensamos no clique da tampa e na abertura do cartucho. Por fim, tem a emoção, que vem da história que o produto carrega. Eu gosto muito de contar essa jornada, de como foi o processo criativo, os testes, as decisões, até chegarmos à versão final que chega às pessoas”, revelou.
Mari Maria também abordou o assunto quando perguntada sobre as tendências que estarão em alta nos próximos meses. “Uma das tendências que eu acredito que vai bombar é a maquiagem sensorial. As pessoas querem experimentar o produto como um todo, uma maquiagem que não é só uma maquiagem, é um conceito. Aquilo que você consegue sentir. Comprar com os olhos, sentir a sensação de aplicar o produto, sentir a fragrância, tudo isso de forma conectada”.

Para além da maquiagem
Um bom exemplo de marketing sensorial no mercado de beleza vem da Dailus, que lançou recentemente a coleção Choco Cherry com esmaltes com tons doces, nomes inspirados em sobremesas e, principalmente, fragrância adocicada. A marca aposta no olfato como um gatilho de identificação imediata, elevando a experiência do consumidor além da estética. Ao pintar as unhas, a usuária é surpreendida por um cheiro agradável, que reforça a personalidade divertida da linha e cria uma conexão emocional com o produto.
Mais do que diferencial, o cheiro se torna parte da narrativa e da memória afetiva da consumidora. Esse tipo de estímulo sensorial ativa lembranças, sensações de conforto e prazer, o que pode aumentar a fidelização e o desejo de recompra. É um recurso simples, mas poderoso, que mostra como integrar sentidos no desenvolvimento de um produto e transforma o ato de consumo em experiência, e é justamente aí que mora a força do marketing sensorial.

Emoção como motor principal do futuro da beleza
À medida que nos aproximamos de 2027, as emoções deixam de ser um fator complementar e passam a ocupar o centro das decisões de compra. Segundo a WGSN, 95% das escolhas dos consumidores são guiadas por emoções, e metade das compras por impulso acontecem justamente por motivações emocionais. Em um cenário de instabilidade, conectar-se emocionalmente com o público deixa de ser um diferencial e se torna uma exigência para marcas que desejam relevância e fidelização. É sobre criar experiências que toquem, que provoquem sentimentos reais e construam vínculos duradouros.
Como explica Nik Dinning, vice-presidente de marketing da WGSN, o sucesso das marcas será cada vez mais determinado por como os consumidores respondem ao storytelling e às experiências proporcionadas. Isso exige um novo tipo de atenção: não basta falar sobre o produto, é preciso construir uma narrativa sensível em torno dele, pensar em cada ponto de contato como um gerador de afeto, pertencimento e desejo. Em um mercado saturado de estímulos, as emoções emergem como a nova moeda de valor, e compreendê-las profundamente é o que vai separar as marcas relevantes das esquecidas.
Quando maquiagem e skincare se encontram
A integração entre maquiagem e tratamento de pele não é nova, mas vem se sofisticando. Os chamados produtos híbridos são cada vez mais comuns: bases com ácido hialurônico, primers antioxidantes, BB e CC creams com proteção solar e ativos hidratantes são exemplos claros de como a maquiagem atual entrega múltiplos benefícios em um único produto.
Além da função estética, os consumidores esperam que a maquiagem colabore com a saúde da pele: hidratando, controlando a oleosidade, prevenindo manchas e até suavizando linhas finas. Esse movimento amplia o tempo de uso e fortalece a fidelização às marcas.
Texturas inovadoras: o toque também importa
Outro fator central nesse futuro sensorial é a experiência tátil. Produtos com texturas aveludadas, efeito mousse, toque refrescante ou acabamento leve ganham espaço nas prateleiras. O que antes era apenas uma escolha de fórmula, hoje se torna argumento de venda.
A própria aplicação passou a ser pensada como parte do ritual: embalagens que promovem massagem na pele, texturas que se transformam com o toque dos dedos e fórmulas que oferecem sensação de frescor imediato são apenas algumas das inovações que o mercado já observa.
Sustentabilidade integrada à experiência
A preocupação com o meio ambiente também faz parte dessa revolução sensorial. Ingredientes naturais, fórmulas veganas, ativos de baixo impacto ambiental e embalagens eco-friendly deixam de ser apenas atributos de responsabilidade social e passam a compor a experiência completa de autocuidado e propósito de compra.
Segundo especialistas, o consumidor não quer apenas se sentir bem com o produto na pele, ele quer também se sentir bem com a escolha que está fazendo para o planeta.
Personalização: a maquiagem desenhada para você
Outro desdobramento desse futuro da maquiagem sensorial é a personalização. Com o avanço da tecnologia, já é possível criar produtos customizados para diferentes tons, tipos de pele e necessidades específicas. Formulações inteligentes identificam o que cada pele precisa e oferecem soluções sob medida.
Isso reforça não só o cuidado estético, mas também o vínculo emocional com a marca, transformando cada maquiagem em uma experiência exclusiva e diferenciada.
Mais do que beleza: bem-estar e autoestima
No final, como destacou Bruna Tavares no Beauty Show 2025, “a maquiagem também é sobre como a gente se sente”. Essa nova era sensorial reposiciona o produto como ferramenta de autocuidado, expressão de individualidade e construção de autoestima, onde cada textura, aroma e embalagem colaboram para o bem-estar diário de quem usa.
Para a indústria da beleza, o recado está dado: o futuro da beleza será vivido não apenas com os olhos, mas com todos os sentidos.
