Salão Beauty Company

“Perdi a vergonha do meu sotaque e de vender meus serviços e agora faturo 20 vezes mais”

A cabeleireira Adriana França conta como se livrou de seus medos e bloqueios pessoais para conseguir encantar e atrair clientes pelas redes sociais.

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Por Redação em 04/06/2024 Atualizado: 04/06/2024 às 14:22

R$ 3 mil. Até poucos meses atrás, era este o faturamento médio mensal do salão Beauty Company, da cabeleireira Adriana França, em Curitibanos, município de Santa Catarina. Como a maior parte desse dinheiro vinha dos serviços das manicures, ela não tinha salário nem fundos para pagar as despesas básicas de seu negócio. Cartão de crédito e limite da conta bancária já tinham sido ‘estourados’ para manter o espaço funcionando. Na tentativa de dar upgrade, fez dívidas para reformar e aumentar o salão. Tentou montar uma equipe, mas nenhum profissional durava. E veio a pandemia…

“Nesse período, eu virei a ‘louca’ dos cursos online. Gastei uns 30 mil nisso, e ainda hoje tem aulas que sequer abri. Mas, olha só que ironia, a maior mudança da minha vida veio justamente quando eu já não tinha um centavo para gastar, decidi fazer um curso de marketing e vendas que nunca passou pela minha cabeça precisar fazer e que dava uma semana de acesso gratuito. Era o Cabeleireira 5 estrelas, da Luciana Ferraro. Fiz a ação de venda que ela sugeriu e em apenas duas horas ganhei dinheiro suficiente para pagar pelo curso completo! A partir dali passei a entender que eu era uma boa cabeleireira e que sabia fazer um bom trabalho, só faltava contar isso para as pessoas”, diz Adriana França.

Persistir é o segredo

Mais do que o sucesso, o simples fato de realizar a primeira ação de vendas fez a empreendedora despertar para coisas importantes que até então ela dizia não enxergar. Por exemplo, que cabeleireiro não deve fazer apenas cursos de beleza, mas também de marketing e vendas; que vender é uma arte que pode ser aprendida; e que é preciso parar de dizer que você não tem tempo quando reclama que não tem cliente. “A conta é simples: se você não tem ninguém para atender, sua agenda está livre”, justifica.

“Se empenhar em estudar, em aprender algo novo, em sair da zona de conforto não é nada fácil, e fica ainda mais difícil quando nosso negócio não vai bem, a tristeza domina e as dívidas crescem dia a dia. Mas é justamente nesse momento que a gente precisa se esforçar e persistir ainda mais. Caso contrário, nada vai mudar; e mudar só depende da gente. Sei que essa é uma frase super batida, mas aprendi na prática que ela é 100% verdadeira. Foi ela quem me deu forças para estudar depois que fechava o salão e ir até umas 2 horas da manhã para finalizar todas as tarefas propostas”, completa.

Descobrir as travas, e se livrar delas

Depois dos aprendizados e refletindo sobre a própria história, Adriana França acredita que não conseguia atingir o sucesso financeiro por uma série de razões. “A primeira delas é que eu não me reconhecia como profissional, mesmo atuando na área da beleza há 24 anos. Estava tão fechada na minha caixinha que esperava que os clientes viessem até mim

em vez de atraí-los, me sentia inferior aos cabeleireiros da minha cidade por ter um salão de bairro e baixava meu preço sempre que diziam que em outro lugar era mais barato. Também sentia pavor só de imaginar o que pensariam ao me ver nas redes sociais e o quanto me julgariam por estar ‘querendo aparecer’ ou ‘dando uma de blogueira’. Mas, nada me bloqueava mais que a vergonha que tinha do meu sotaque. Todas essas inseguranças me levaram a ter uma queda acentuada de cabelo na região frontal e a sofrer crises terríveis de psoríase”, diz ela, que é graduada em estética e pós-graduada em tricologia.

Mesmo assim a cabeleireira não desistiu e seguiu à risca as lições sobre a importância de aparecer nas redes sociais. “Estava decidida a fazer o treinamento dar certo, mesmo levando uma semana para realizar a tarefa de gravar um único stories e tendo que usar filtro do celular para disfarçar o rosto deformado e os olhos inchados devido à ansiedade de aparecer nos vídeos. Hoje, fazer isso se tornou mamão com açúcar”, garante.

Estratégias para se superar

A seguir, Adriana França lista as lições que aprendeu para conseguir assumir uma nova postura e realizar o sonho de mudar seu salão para um lindo casarão no Centro da cidade:

· Se o problema é o seu sotaque, lembre-se que todo mundo tem um.

· Não se preocupe em falar bonito, mas em passar a mensagem de maneira clara.

· Não queira mostrar conhecimento usando palavras técnicas, pois o seu público pode não entender o significado delas.

· Seja você mesmo, se expressando nos vídeos do mesmo jeito que faz durante o atendimento, pois é assim que quem lhe segue nas redes sociais espera lhe encontrar pessoalmente.

· Tenha sempre em mente que as pessoas que vão lhe ouvir nos vídeos e stories são iguais e têm os mesmos interesses que àquelas com quem você fala no salão.

· Em vez de ficar vendo e revendo seus vídeos, grave e já poste, mesmo que saia uma palavrinha errada ou um ângulo que não lhe valoriza tanto.

· Crie ações relevantes e que tragam mais do que benefícios financeiros. Duas das que mais me orgulho de fazer são a do Dia das Crianças, em que meninas fazem cabelo, make, massagem e saem do salão vestidas de princesa, que é como a gente também se veste durante o atendimento; e o Outubro Rosa, em que fechamos o salão em um sábado para atender gratuitamente mulheres que estão enfrentando o câncer e suas acompanhantes nessa batalha.

· Invista no WhatsApp, que eu considero a cereja do bolo e responsável por boa parte dos 70% de vendas que tenho com essas ações online.

· Testar coisas novas aumenta a autoconfiança. Recentemente, fiz um e-book sobre as dores dos cabeleireiros que querem aprender a fazer mechas saudáveis; e acabei de lançar um curso online para ajudar quem, como eu, tem sede de aprender e ter sucesso.

Com a palavra, a treinadora

Especialista em marketing, com mais de 24 anos de experiência e 1700 alunas formadas, Luciana Ferraro é criadora do método Cabeleira 5

Estrelas, que promete a transformação anunciada no título a partir de ações estratégicas de vendas. “Acredito que o empoderamento feminino vem através da liberdade financeira, que pode ser alcançada quando você aprende a vender seus serviços. Mas, fazendo isso de maneira humanizada, com amor, colocando a cliente em primeiro lugar e entregando excelente atendimento e experiência de encantamento. Com isso, o dinheiro é uma consequência”, conta.

Ela completa: “Muitas cabeleireiras acham que se aperfeiçoar na técnica de cabelo e nas tendências é suficiente para lotar a agenda. Claro que isso é importante, mas também é preciso saber vender seu produto, se posicionar, gerar autoridade, mostrar seu diferencial. O Instagram é a principal ferramenta para fazer isso e gerar desejo, só que nem sempre é usado dessa maneira por crenças limitantes. Por isso é que a primeira coisa que trabalho com as alunas é a mentalidade, para destravar os pensamentos sabotadores e conquistar a autoconfiança inclusive dentro de seu círculo pessoal. Depois, elas aprendem a usar as ferramentas de venda, começando pelo WhatsApp, onde não precisam aparecer, que é algo que as assusta demais no início. O passo seguinte é focar no relacionamento e no encantamento dos clientes para sair do piloto automático de entregar apenas um cabelo bonito. Com a quantidade de concorrentes que se têm hoje em dia, oferecer ótimo resultado não é mais suficiente; é preciso estimular os cinco sentidos de quem senta na sua cadeira, fazendo-a se sentir especial por estar sob os seus cuidados e transformando-a de cliente em fã. Após dominar a fidelização, partimos para o pilar da comunicação, que ensina a atrair novo público. Com esses pilares, toda cabeleireira é capaz de vender com paixão aquilo que ama

fazer, desconstruir seus medos, soltar as amarras que lhe impedem de crescer e colocar dinheiro merecido no bolso”.

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