Após anos de crescimento acelerado, o mercado de beleza de prestígio na América Latina começa a revelar novos cenários. No primeiro trimestre de 2025, a região registrou um crescimento de 18% em valor, segundo análise da Circana, uma empresa global especializada em dados sobre comportamento de consumo. Embora o desempenho tenha sido robusto, houve uma leve desaceleração em comparação com os ciclos anteriores, o que indica uma possível mudança de fase no setor.
O México permanece como o líder absoluto, respondendo por metade das vendas da região. O comércio eletrônico, que teve um papel de destaque em 2024, viu uma estabilização no começo de 2025, sugerindo um equilíbrio entre as vendas online e o crescimento do varejo físico. No entanto, foi a Argentina que chamou a atenção neste primeiro trimestre, com o melhor desempenho em unidades vendidas entre os países analisados, alcançando uma alta de 21% e crescimento de dois dígitos em todas as categorias, evidenciando sinais claros de recuperação.
No que diz respeito aos segmentos, as fragrâncias continuam a ser as favoritas, representando metade do mercado latino-americano e crescendo 19% em vendas. Embora o Brasil tenha registrado uma leve queda em volume, outros mercados avançaram impulsionados por lançamentos e a entrada de marcas de moda como Valentino e Prada. O mercado de nicho também se destaca, representando 7% das vendas na categoria, acima da média dos últimos cinco anos, conquistando consumidores à procura de experiências exclusivas e inovadoras.
México: lidera com 50% das vendas da região.
Argentina: melhor desempenho em unidades vendidas (+21%) e crescimento em todas as categorias.
Brasil: leve queda em volume, mas destaque positivo em skincare e dermocosméticos acessíveis.
A categoria de maquiagem segue em segundo lugar, com um aumento de 16% nas vendas, destacando-se pela alta demanda por produtos para os lábios, como glosses e balms. As bases, por outro lado, tiveram um crescimento mais modesto de 3%, o que impactou o desempenho da categoria de face de forma geral. Em contrapartida, blushes, iluminadores e bronzers mantiveram-se em alta, comprovando que o efeito glow continua em tendência. Máscaras para cílios, por sua vez, retornaram com força, impulsionadas por tendências nas redes sociais.
O segmento de skincare, apesar de ainda representar uma fatia menor do mercado, obteve um aumento de 10% em vendas, com destaque para o Brasil e a Argentina, que apresentaram resultados acima da média. As marcas asiáticas e indie, muito populares entre as gerações Z e Alpha, continuam a ser uma forte tendência, assim como os kits mini, que tiveram um crescimento superior a 20%. Em contraste, produtos de body care e proteção solar desaceleraram após dois anos de crescimento consistente. As marcas de dermocosméticos acessíveis cresceram mais de 30%, enquanto as de prestígio avançaram de forma mais moderada.
De acordo com Ana Seccato, diretora comercial da Circana, “a América Latina continua a valorizar a beleza como parte de sua identidade e rotina de autocuidado, mas com escolhas cada vez mais conscientes”. Ela observa que o mercado está se diversificando e amadurecendo, com consumidores mais conectados, informados e exigentes, buscando experiências de compra mais personalizadas e abertas a marcas acessíveis.
Se antes a beleza era sinônimo de exclusividade, hoje ela se reflete na experimentação, no acesso e na escolha inteligente. O mercado latino-americano segue em crescimento, mas com mais personalidade, propósito e novos protagonistas.
