Inspiração poderia ser o nome do meio de Kelly Nogueira, proprietária e fundadora da Espaço Make, que hoje conta com oito lojas próprias e 14 franquias de venda de cosméticos e possui faturamento anual de R$ 12 milhões. Como acontece em muitas histórias de mulheres empreendedoras do Brasil, sua trajetória é repleta de reviravoltas: ela, que sempre quis empreender, reuniu a coragem necessária para tirar o projeto do papel após viver um relacionamento abusivo, querer ter mais tempo com os filhos e sentir-se pessoal e profissionalmente realizada.
Neste Dia das Mulheres, Kelly compartilha com NEGÓCIOS DE BELEZA BEAUTY FAIR os desafios e estratégias para encarar a forte concorrência e virar potência; acompanhe.
Como surgiu o desejo de criar uma rede de quiosques de cosméticos e qual foi o ponto de virada para parar de sonhar e realmente tirar a ideia do papel?
Sempre tive o desejo de empreender, mas a virada de chave aconteceu quando percebi que meu primeiro quiosque de esmaltes estava faturando o dobro do meu salário como policial. Queria uma vida diferente, com mais tempo para meus filhos e um trabalho que me trouxesse realização. Foi quando decidi pedir licença da PM e mergulhar de cabeça no empreendedorismo.
Em algum momento você se sentiu balançada por criar seu negócio diante da concorrência? E o que fez você se sentir potente e seguir adiante com o seu projeto?
Sim, a concorrência no mercado de beleza no Brasil é realmente enorme, e isso me fez refletir bastante. Afinal, existem grandes redes e perfumarias já consolidadas. Mas, em vez de me intimidar, usei isso como motivação. Sabia que se encontrasse um diferencial e me conectasse com meu público, poderia criar algo forte. O que me fez seguir adiante foi entender que havia um espaço para maquiagem acessível, de qualidade, mas sem preços abusivos. Durante a pandemia, percebi que muita gente procurava alternativas mais baratas sem abrir mão da beleza. Eu sabia que poderia atender essa demanda com produtos bem selecionados e um atendimento próximo, humanizado.
Quais os maiores desafios que você enfrentou pra criar sua rede de quiosques de cosméticos, situações que quase a fizeram desistir, e como deu a volta por cima?
Três dos maiores desafios que enfrentei foram conseguir investimento para começar, a crise da pandemia e superar o medo e a insegurança. Saí da polícia militar sem uma grande reserva financeira, então, precisei dar cada passo com estratégia, reinvestindo tudo o que ganhava. Não foi fácil, mas fui ajustando o modelo de negócio conforme as necessidades do mercado. Quando a pandemia veio, precisei fechar meus quiosques e repensar tudo. Foi um momento difícil, mas também uma virada de chave, porque foi ali que enxerguei a oportunidade de pivotar o negócio e focar em maquiagem acessível. No meio disso tudo, ainda tive que vencer desafios internos: vindo de um relacionamento abusivo, carregava dúvidas sobre minha própria capacidade. Mas quando decidi colocar meu nome na marca, fiz disso um símbolo de força e superação.
Quais as principais características do Espaço Make?
A Espaço Make se diferencia por oferecer maquiagens de qualidade a preços acessíveis, criando um ambiente onde qualquer pessoa pode se sentir bonita sem gastar muito. Além disso, o atendimento personalizado e a variedade de produtos fazem com que o cliente se sinta acolhido e tenha uma experiência diferenciada.
Qual o seu discurso para trazer marcas para o seu quiosque, afinal, hoje, muitas empresas estão em redes de grandes perfumarias, têm lojas próprias e e-commerces? Onde você desbanca todos esses concorrentes e se mostra a excelente player que é?
Meu discurso para atrair marcas para o Espaço Make é simples: eu conheço meu público e sei vender. Enquanto grandes perfumarias e e-commerces competem pelo mercado de luxo, eu converso diretamente com quem busca um produto acessível, sem abrir mão da qualidade. Meu diferencial está na proximidade com os clientes. Nos meus quiosques as pessoas testam, experimentam e recebem um atendimento personalizado que dificilmente encontram em redes maiores. Além disso, a Espaço Make tem um fluxo altíssimo de clientes, principalmente porque trabalho com preços que cabem no bolso, sem perder a qualidade. Isso faz com que as marcas tenham uma excelente vitrine nos meus quiosques. E, diferentemente de muitas redes grandes, que exigem estoques volumosos e altos investimentos, ofereço um modelo mais ágil e eficiente, o que reduz riscos e melhora o giro dos produtos. Meu negócio não é apenas um ponto de venda, é um espaço estratégico para marcas que querem alcançar o público certo e vender mais.
Quais os planos para o futuro?
Desde que comecei, o crescimento tem sido constante, e a meta é abrir pelo menos mais seis unidades até o segundo semestre de 2025.
Pensando que estamos no mês das mulheres, qual incentivo você dá para a empreendedora que sonha em ter seu próprio negócio de beleza? Sem filosofia, na lata mesmo, uma dica prática e empoderadora?
Minha dica para mulheres que querem empreender é: comecem! Não esperem o momento perfeito, porque ele nunca vai chegar. Testem, aprendam, ajustem. E, se der medo, vai com medo mesmo. O segredo é dar o primeiro passo.