Os bastidores da bem-sucedida fusão do Sal Hair Lab com o Kapo

Saiba como os amigos Léo Moreira e Alexandre Paranhos driblaram os desafios de unir seus salões, como está a questão da marca, a comunicação com os clientes e as equipes, o peso da decisão atípica de não contar com serviços de manicure em escala e ainda assim ter a previsão de turbinar o faturamento em 25% em apenas seis meses.

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Por Redação em 11/09/2023 Atualizado: 07/02/2024 às 13:51

Empresas concorrentes nem sempre são rivais. Em busca de vantagens para ambas, pode acontecer um processo de fusão para que o horizonte de negócios se expanda e haja um aumento de receita. Essa é mais ou menos a história da recente união do Sal Hair Lab com o Kapo – e esse “mais ou menos” se refere ao fato de que o estímulo maior para que os salões se juntassem foi a admiração mútua entre Léo Moreira, do Sal, e Alexandre Paranhos, do Kapo. Tudo muito simples, né? Só que não. Mesmo com uma amizade já consolidada e desejo de unir forças, a fusão entre as marcas não passou de imediato pela cabeça de Léo nem de Alexandre; foi preciso um olhar de fora, de uma gestora de salões, Dari Andrade.

Em março, ela começou a trabalhar com Alexandre, que não é administrador e sabia disso, tanto que sofria por ter que fazer esse papel no Kapo. “Cuidamos da organização do salão por quatro meses, período em que o faturamento cresceu 40%, houve um aumento de clientes e captura de profissionais. Ao saber dessa virada, o Léo pediu que eu analisasse o Sal. De cara vi que o administrativo roubava o brilho artístico dele e descobri seu sonho de atuar ao lado do Alexandre. Em vez de

buscar um sócio para o Sal, que era o caminho mais lógico, pensei no quão sensacional seria juntar os dois; e ousei questionar se tudo o que o Léo queria para o futuro poderia acontecer não no Sal, mas no Kapo. Repeti a pergunta para o Alexandre. Eles se surpreenderam com a proposta, que parecia obvia porque ambos sempre quiseram isso, mas nunca vislumbraram como essa fusão poderia acontecer, como seria possível uma realidade em que os dois permaneceriam como artistas e cresceriam como marca”, conta Dari.

Coragem para mudar

Um pseudo-ensaio de união entre Léo e Alexandre aconteceu há cerca de dois anos. Eles tinham a ideia de alugar uma sala para atenderem esporadicamente num formato artístico. Não queriam fazer isso no Sal nem no Kapo para não confundir os clientes e as equipes. Mas, inseguros com o impacto desse projeto, mesmo que ocasional, podendo gerar burburinhos de quebra dos salões, acabaram desistindo. “Financeiramente falando, o Léo e o Alexandre não precisavam se unir. Claro que juntos, agora, eles vão ganhar muito mais, porém, a ânsia de estarem sob o mesmo teto era visando a intensa troca artística que poderiam ter e os resultados que ela poderia gerar”, entrega Dari.

Essa história pode soar um tanto poética nestes tempos de concorrência acirrada e corrida alucinada por lucro. Por isso, vale conhecer um pouco da trajetória dos dois salões. O Sal Lab Hair, que aparece na nossa lista de Beauty Salons to Watch, tinha faturamento mensal em torno dos R$ 200 mil, mesmo estando num espaço de apenas 49 m2, composto por oito bancadas onde atendiam somente quatro cabeleireiros, todos com currículos impressionantes e larga experiência em cor. Localizado um uma

zona super nobre de Porto Alegre, dentro de uma galeria, tinha público jovem e estiloso e tíquete-médio alto até mesmo para os padrões de Porto Alegre. Organizadíssimo, o agendamento era 100% on-line e feito com, no mínimo, 24 horas de antecedência. À frente do negócio estava Léo, um cabeleireiro fora da curva: há dez anos na profissão, com base Toni&Guy, expert no corte a seco, mas que se destaca por ser um artista da cor. É seguidor e amigo dos hairstylists Anh Co Tran e Sal Salsedo, com quem já atendeu em Los Angeles.

Há três quadras do Sal, o Kapo, com seus 320 m2 e arquitetura fluida e moderna, tinha 21 bancadas, um time com incrível especialização em corte e apenas dois dos profissionais fazendo cor. Todos sob a liderança de Alexandre, cabeleireiro há mais de 15 anos, com uma forte veia de educação na Toni&Guy no Brasil junto com o ícone Jon Santos.

Nova identidade, mesma língua

Muito se discutiu sobre a escolha do novo nome e endereço para abrigar a fusão Sal Hair Lab e Kapo. “Provisoriamente, estamos chamando de Kapo Lab, uma estratégia para reforçar a união das marcas e manter o legado dos salões. Se isso vai mudar, veremos com o tempo. Quanto à localização, se cogitou escolher um novo CEP, mas ficou claro que o Kapo tinha um espaço incrível, já pronto e mais que suficiente para abrigar todos os profissionais e ainda assim manter o conforto do cliente. Para dizer que nada foi mexido, só a iluminação foi readequada para favorecer o serviço mais intenso de coloração que será oferecido”, diz a gestora Dari Andrade.

Cuidado extra especial foi tomado com a comunicação de todas as mudanças e também do que não iria mudar, isso tanto para as equipes do Sal e do Kapo quanto para os clientes. “Conversamos com os times separadamente, e deixamos muito claro para o pessoal do Sal que aquele clima maravilhoso que eles tinham, por serem um salão menor e mais intimista, não iria morrer. Para o pessoal do Kapo mostramos que a novidade só iria agregar ainda mais à trajetória deles. Também fizemos reuniões individuais, para ouvir o que cada profissional tinha a dizer. Depois, para promover o entrosamento, tivemos uma happy hour e um café da manhã de boas-vindas, fotos profissionais, união das recepções, treinamentos sobre como serão ofertados os serviços de corte e cor. Essa “costura” durou trinta dias, mas sabemos que sua consolidação 100%, em que se deixará de referenciar que “antes era assim ou assado”, se dará entre três e seis meses, o que é muito natural”, garante Dari.

Quanto aos clientes, segue sendo feito um trabalho direcionado de marketing nas redes sociais e uma forte comunicação individualizada no WhatsApp – tida como a ferramenta mais importante neste momento por falar diretamente com o frequentador assíduo e também com os esporádicos ou aqueles que já não vem ao salão e podem ser resgatados por toda essa atmosfera da fusão. Um curioso ponto que vale ser destacado é que no Kapo Lab continua valendo a opção do ex-Kabo e ex-Sal não terem serviços de manicure de escala. “Queremos que o Kapo Lab cresça focando em cabelo, o que, aliás, não é novidade para os clientes. Tanto que hoje contamos com apenas uma manicure, que não atende junto com o cabeleireiro, além de uma fisioterapeuta para massagens, uma especialista em remoção de tatuagem e outra em sobrancelhas”, lista a gestora.

Expectativas versus realidade

O Kapo Lab começou a funcionar em 29 de agosto, e a equipe de reportagem de NEGÓCIOS DE BELEZA BEAUTY FAIR conversou com Léo e Alexandre apenas seis dias depois da abertura oficial. Mesmo sendo pouco tempo para avaliar o novo salão, a dupla garante que a realidade superou os sonhos e expectativas de ambos. “Retomei minhas melhores características e o jeito que gosto de trabalhar, com leveza, arte, sorriso, sem o peso da burocracia e podendo me dedicar mais ao digital, que é uma grande parte da minha vida – e agora podendo contar com o olhar apurado do Alexandre para fazer as fotos. Também resgatei um projeto que amo e estava parado, de ter datas para atender a clientela que tenho em São Paulo e no Rio de Janeiro. Sobre finalmente trabalhar ao lado do meu sócio, só digo que ele é um combustível de inspiração, alguém com quem posso trocar ideias e crescer cada vez mais”, comemora Léo.

Alexandre também se mostra super satisfeito e animado com a parceria. “Ao contrário do Léo, não sou de me expor muito, mas quero mudar urgentemente isso para fortalecer ainda mais a marca do Kapo Lab, a minha própria marca e levar à mais gente o trabalho com educação que eu adoro fazer e quero fortalecer mais para frente – minha cabeça está fervilhando! Nossa amizade e sociedade são guiadas por confiança e troca, já que a gente se completa nas nossas diferenças”, arremata ele.