Profissionais de Beleza

Pesquisa revela impacto da pandemia para profissionais de beleza

Estudo da Beauty Fair e da Radar Pesquisas mostra a vontade de retomada dos serviços, a criatividade de reinvenção e como o desemprego e a suspensão das atividades afetaram o segmento.

profissional da beleza
Por Redação em 10 de agosto de 2020

Profissionais de beleza estão entre os trabalhadores mais impactados pela pandemia da COVID-19. Por todo o país, salões de beleza foram obrigados a fechar suas portas por mais de 100 dias e os profissionais viram suas fontes de renda sumirem de um dia para o outro.

A Beauty Fair, empresa que atua no desenvolvimento do varejo, indústria e salões de beleza do Brasil, realizou uma pesquisa online com sua base de visitantes cabeleireiros da região metropolitana de São Paulo para identificar quais foram as consequências do fechamento dos salões em suas carreiras.

Foram analisados itens como: o perfil dos profissionais, a forma de trabalho antes, durante e após a quarentena, os impactos da pandemia no atendimento e na renda dos trabalhadores, a interação com marcas profissionais no ambiente digital, como estão os parâmetros atuais de serviços e aquisição de produtos e a situação do novo normal nos salões com as medidas de segurança obrigatórias.

Entre as constatações, nota-se, por exemplo, que 84% dos cabeleireiros solicitaram o auxílio emergencial, mas que apenas 39% tiveram acesso ao benefício de R$ 600. Ainda, 11% responderam que os salões onde trabalhavam fecharam em definitivo e 47% afirmaram que se sentem seguros para realizar os atendimentos seguindo os protocolos exigidos para o segmento.

Impactos

“Este levantamento traz resultados importantes sobre os impactos da pandemia para os cabeleireiros. Com a suspensão das atividades por mais de três meses, vimos que muitos negócios infelizmente não resistiram a esta crise e que milhares de profissionais precisaram se reinventar com urgência. Esta é a hora de nos unirmos e nos apoiarmos no caminho da recuperação”, diz Cesar Tsukuda, diretor-geral da Beauty Fair.

Apostar em mudanças que garantam aos clientes que podem visitar os salões com segurança também é aspecto essencial para que a agenda dos espaços voltem a ficar mais cheias. Foi esse um dos aspectos comentados por Cesar em reportagem veiculada no SPTV no último sábado (veja vídeo completo aqui!). “Mostrar passo a passo o que eles estão fazendo para ter um ambiente de serviços seguro e que a cliente possa confiar no trabalho e em toda a segurança que foi criada nos salões”, disse Cesar.

“O setor de serviços representa 70% do PIB e foi um dos que mais sofreu com as medidas de isolamento social. Os salões de beleza são motores desse setor, por isso é tão significativo entender como estes profissionais lidaram com o confinamento e como estão retomando suas atividades. O desempenho da economia também será afetado pela resiliência e criatividade deles”, completa Joana Belo, sócia-diretora da Radar Pesquisas.

Veja o perfil dos profissionais que responderam a pesquisa abaixo e diversos outros aspectos relacionados ao impacto da pandemia a seguir:


Trabalho

Quanto ao regime de trabalho, 54% atuam como Microempreendedores Individuais (MEI) e apenas 13% são contratados em regime CLT. Profissionais autônomos representam 51% dos respondentes, 23% trabalham em salões de terceiros e 22% são sócios ou proprietários. As respostas também indicaram que 4% ficaram desempregados durante o fechamento dos salões.

No período em que a pesquisa foi aplicada, terceira semana de julho, 55% já haviam retomado as atividades no salão. O atendimento em domicílio também passou a ser uma realidade para 31% dos cabeleireiros, que ainda atendiam em suas casas ou na dos clientes.

Antes da quarentena, 29% já atendiam em domicílio e, durante, o modo de atendimento foi aderido por 37%. O atendimento na casa do próprio profissional já funcionava para 30% deste público antes da pandemia e, agora, 36% indicaram que pretendem manter o tipo de serviço.

Na ocasião, 14% dos profissionais ainda não estavam trabalhando.

Impactos da quarentena

No momento em que responderam à pesquisa, 11% dos profissionais disseram que os salões em que trabalhavam fecharam permanentemente e outros 22% registraram que os salões estavam sem funcionar e não sabiam se voltariam a abrir.

Para 22% dos respondentes, o período da quarentena foi utilizado para fazer reformas e adaptações no espaço.

O medo de se expor ao novo coronavírus é uma preocupação de 40% dos profissionais no cenário de retomada ao trabalho; já 47% afirmaram que se sentem seguros seguindo os protocolos de segurança. A ansiedade de retomar as atividades no salão de beleza foi percebida por 82% dos profissionais consultados.

O medo da exposição é uma preocupação apontada pela maioria dos respondentes

Atendimento e renda

A média de atendimento semanal para os cabeleireiros caiu em um terço, se comparada ao aos índices anteriores à pandemia. Para 52% dos profissionais que estão atendendo, o volume de clientes está entre 25% e 49%, comparando com antes da quarentena.

Durante o período de fechamento dos salões, 84% solicitaram o auxílio emergencial do Governo Federal, no entanto, apenas 39% receberam o benefício. A pesquisa ainda aponta que 34% ficaram sem renda durante a quarentena.

Os profissionais de beleza viram a necessidade de se reinventar para garantir alguma fonte de renda. No período, 13% venderam produtos profissionais, 8% ofereceram a venda antecipada de vouchers para serem utilizados no momento de retomada dos salões e 4% venderam kits de coloração de cabelos.

A venda de produtos profissionais já era uma prática para 50% dos cabeleireiros, mesmo antes da pandemia e, durante o período, 4% também passaram a vender. Em média, os profissionais comercializam 3,7 marcas. Entre os respondentes, 46% alegaram que não vendem, nem passaram a vender marcas profissionais.

Interação online

O período de fechamento dos salões foi importante para mostrar a relevância da presença de marcas no ambiente digital e 92% dos cabeleireiros que responderam à pesquisa da Beauty Fair interagiram com marcas, seja por redes sociais, acompanhando lives ou fazendo cursos online. A fidelização do profissional também se manteve forte e 35% responderam que interagiram com apenas uma marca, enquanto 26% interagiram com cinco marcas ou mais.

“A Beauty Fair acredita que este formato de interação online com as marcas veio para ficar e, inclusive, será elemento essencial de valorização dos eventos presenciais”, diz Cesar.

Entre os profissionais consultados, o valor da coloração apresenta diferenças relevantes

Produtos e serviços

Por algum tempo, canais de venda online foram a única opção para adquirir produtos e 55% dos profissionais disseram que já compravam por e-commerce; 13% passaram a comprar durante a quarentena e 32% informaram que nunca compraram por meios digitais.

Quando perguntados sobre a quantidade de cadeiras disponíveis para atendimento nos salões, 39% responderam que os estabelecimentos contam com uma ou duas estações de trabalho, já 22% disseram que os salões possuem três ou mais. Ainda, 16% dos trabalhadores indicaram que atendem em suas próprias casas.

O preço cobrado pela coloração dos cabelos também apresenta diferenças importantes. A maioria, 34%, respondeu que cobra entre R$ 70 e R$ 99 pelo serviço. O valor abaixo de R$ 70 foi apontado por 31% dos cabeleireiros; entre R$ 100 e 150 foi a resposta de 21% e acima de R$ 150, de 13%.

Neste momento, 48% dos cabeleireiros vão manter o preço dos serviços. Já 10% disseram que pretendem reduzir os valores e, para 7%, há a tendência de aumentar. A dúvida ou indecisão sobre o reajuste de preços foi apontada por 35%.

Salão Seguro

Medidas de segurança como uso de máscaras, disponibilização de álcool em gel e limpeza do ambiente entre um atendimento e outro foram unanimidade na pesquisa (veja material criado pela Beauty Fair sobre o tema aqui!). A limitação de clientes no local foi apontada por 96% das respostas e o distanciamento de um metro e meio entre as cadeiras, por 93%. O layout dos salões também sofreu alterações, com 76% indicando que removeram móveis para facilitar a circulação.

Com o atendimento exclusivo com hora marcada para evitar aglomerações, 20% passaram a cobrar o valor do serviço do cliente que faltou ao agendamento. Além disso, 65% dos locais passaram a medir a temperatura de profissionais e clientes na entrada.