Quem nunca pesquisou uma receita caseira para clarear manchas na pele? Ou simplesmente viu no Youtube uma esfoliação caseira e fez em casa? Com a pandemia instalada no mundo e com o isolamento social sendo uma das medidas para combater a disseminação da Covid-19, o “faça você mesmo” ganhou força e as pessoas aproveitam o tempo em casa para cuidar da pele com tratamentos estéticos caseiros.
Contudo, muitas dessas receitas compartilhados na internet oferecem soluções simples e resultados milagrosos e, por isso, é preciso ficar alerta, já que qualquer método pode causar risco à pele. Amanda Brilhante, dermatologista na Clínica Weiss em São Paulo, fala sobre o assunto e explica como essas receitas podem impactar a saúde e bem-estar das pessoas.
Isolamento aumenta a procura por tratamentos estéticos caseiros
Amanda argumenta que a pandemia mudou de maneira significativa a relação dos indivíduos com os cuidados para a pele. “Ao mesmo tempo em que a quarentena imposta pela pandemia teoricamente propiciou mais tempo disponível para os cuidados pessoais, a procura por ajuda especializada diminuiu muito, tanto por receio da exposição ao vírus, quanto pelas dificuldades financeiras que se seguiram ao isolamento social. Assim, percebemos um aumento no número de pessoas que vem improvisando nos cuidados com a pele, além daqueles que simplesmente abandonaram a rotina de skincare”.
Impactos na saúde da pele
As receitas de esfoliantes com açúcar, fubá, aveia, por exemplo, são extremamente comuns. E, apesar de realmente promoverem a esfoliação da pele, certas substâncias aliadas à movimentos muito vigorosos e grosseiros, podem machucar, causar infecções e manchas sérias.
Nesse sentido, a dermatologista declara que as receitas são amplamente procuradas na internet, mas oferecem um sério risco aos indivíduos. “Muitos pacientes estão procurando fórmulas caseiras para clareamento de manchas e tratamento da acne, tais como uso de esfoliantes à base de açúcar, café e até suco de limão. A esfoliação cutânea não é recomendada para todos os tipos de pele e, nas peles mais sensíveis, pode causar irritação e escoriações. Já o uso do limão, apesar de difundido na cultura popular, pode causar a fitofotodermatose, que consiste numa reação entre o sumo de frutas cítricas e a radiação solar, levando a um processo inflamatório que pode resultar em manchas escuras e até queimaduras graves”, comenta a médica.
É essencial frisar que, mesmo em se tratando de elementos naturais, essas práticas podem fazer mal à saúde. Por isso, procurar um especialista é a melhor opção. “Cada pele é única. Não existe receita de bolo. O que é bom para determinado tipo de pele pode não ser para outro. Além disso, é preciso ter conhecimento técnico e científico para realizar os procedimentos de forma segura, respeitando parâmetros como tempo de ação, como nos peelings químicos, forma de aplicação e nível de força empregada como no microagulhamento”, explica a médica.
Amanda alerta para as complicações que podem ocorrer, mesmo quando as receitas parecem inofensivas. “Quando não realizados da forma correta, as consequências podem ser desastrosas, como reações alérgicas, manchas, cicatrizes e infecções de pele”.
Dicas
Diante de tantos tratamentos estéticos caseiros sugeridos sem base profissional, Amanda aconselha: “Seja gentil com a sua pele. Na impossibilidade de buscar ajuda profissional, aposte em sabonetes de limpeza suave, hidratantes e filtros solares. Não acredite em fórmulas mágicas e, na dúvida, não arrisque a saúde da sua pele”, finaliza.