A relação varejo X indústria também foi destaque na pesquisa sobre o mercado de perfumaria encomendada pela Beauty Fair e apresentada no Fórum Beauty Fair Varejo de Beleza 2022. Foi verificado o que os varejistas mais valorizam em uma relação com a indústria e as respostas permearam: parceria, suporte e treinamento.
Para o diretor geral da Beauty Fair, Cesar Tsukuda, parceria é uma palavra perigosa porque todo mundo se acha parceiro de todo mundo. Mas na prática, será que o outro lado também te acha parceiro? Na grande maioria das vezes, não. “Não basta dizer que tem uma ótima relação de parceria. Parceria é conversar sobre a mesma coisa, que no final do dia vai ser o consumidor.”
Dentro deste mesmo viés, preço também aparece como um fator de alta relevância, sobretudo dentro de lojas que são multimarcas e vendem o mesmo produto que os concorrentes. Então, Tsukuda pontua que quando se fala em parceria, entende-se que determinada indústria trabalha para te deixar no jogo.
Outro destaque fica por conta do ESG. Os entrevistados entendem que a sigla significa ações que fazem empiricamente, independente de repercussão junto aos consumidores.
A pesquisa mostra que 36% ainda não realizam ações nesse sentido e 74% declaram que essas ações ajudam a atrair clientes.
Entre os que já realizam, os destaques ficam para:
Sustentabilidade: 25%;
Ações sociais: 21%;
Conscientização: 18%;
Apoio à comunidade: 12%;
Materiais eco-friendly: 9%;
Reciclagem: 9%;
Nenhuma: 32%.
“Cada vez mais essa sigla vai fazer parte dos nossos negócios e a gente tem de se preocupar sim com isso. O ESG veio para ficar e desde sempre deveria ser a base de preocupação dos varejistas e também da indústria, pois envolve a questão social, a questão do meio ambiente e da governança. Aliás, governança é algo que passa a ser decisivo para o sucesso dos negócios. Mais da metade dos pesquisados abriram lojas durante a pandemia, isso mostra a força de um mercado, porém existem muitas pessoas que cresceram e quebraram. Isso pode acontecer por inúmeras razões, mas basicamente acontece por governança, ou melhor, pela falta dela.”
O executivo revela que a governança ajuda as perfumarias a terem um processo societário muito claro, com regras muito bem definidas, para que o melhor seja feito pela empresa e não necessariamente para o dono. “A governança fortalece e deixa tudo organizado de forma mais formal dentro da empresa”, comenta Tsukuda.
Ações pautadas em dados
Dados é um tema que ganha cada vez mais relevância no mercado, porque devem ser a fonte para a tomada de decisões. Se você quer crescer 20% toda a equipe deve saber disso e mais, saber como esse crescimento virá. Os dados pautam um planejamento, com eles em mãos, tudo fica mais fácil de ser visualizado, interpretado e implementado. “No planejamento não dá para acertar tudo, mas dá para saber onde vai errar e com isso, é possível concertar a rota e ajustar o trilho de uma maneira mais rápida. Cada vez mais ter dados para fazer um bom planejamento pode ser a diferença de acertar ou errar. Não limitem o planejamento à cabeça do dono ou à cabeça de quem está liderando. Esse planejamento deve permear por toda a equipe, da forma correta, com ações claras e objetivos muito transparentes. Isso, sem dúvida nenhuma, pode ser a velocidade de crescimento diferente e com certeza, muito mais sustentável”, acredita.
O executivo ressalta ainda que ter dados só por ter não adianta nada. O mercado é carente e aí, obviamente, quando não há compartilhamento de informações, deixa-se de gerar muitos negócios e ganho de margem. “Há desperdício de recursos pela falta de informação ou dados.”
A Beauty Fair se configura como uma grande fonte de informações. Entre os respondentes da pesquisa, 94% costumam frequentar a feira, buscando:
Tendência de mercado: 78%;
Networking: 45%;
Aproximação da indústria: 39%;
Fonte de informação: 14%;
Treinamentos: 9%.
Sobre a pesquisa
O estudo foi realizado com 65 perfumarias, pelo Radar Pesquisas, em agosto de 2022.
O objetivo é entender um pouco melhor de perfumaria, que tem uma série de oportunidades e dados que no dia a dia não são olhados e analisados com tanta atenção, além disso: identificar oportunidades, desafios, tendências, vantagens do setor, expectativas de consumo e alguns indicadores que possam mensurar o caminho daqui para a frente.
A amostra foi bem dividida em todas as regiões do Brasil, sendo: 76,9% no Sudeste; 55,4% em São Paulo; 10,8% no Centro-Oeste; 9,2% no Nordeste; e 3,1% no Norte.