Profissionais de Beleza

Trends na mira

Maquiadora Vanessa Rozan fala sobre seu novo programa, Lab da Beleza, no UOL, em que testa se as trends do TikTok funcionam na vida real.

Lab da beleza com Vanessa Rozan
Por Redação em 16 de fevereiro de 2024

As trends do TikTok não só têm deixado profissionais de beleza de cabelo em pé, como têm pautado cada vez mais a mídia. Com a promessa de dar um basta às mentiras virais, e como parte da estratégia de investir em curadoria e conteúdos multiplataforma de beleza, o UOL acaba de lançar o programa Lab da Beleza, publicado nas redes sociais de Universa, a marca feminina do UOL. O destaque fica por conta da apresentação, realizada pela maquiadora Vanessa Rozan, figura conhecida do público por falar de beleza e autoestima como forma de autocuidado e diversão.

Credenciais para isso ela tem, afinal, são 23 anos de carreira em uma trajetória que inclui passagens por diversas áreas no universo da maquiagem, desde treinamento, desenvolvimento de produto, atendimento ao cliente e vendas até a criação de conteúdo e programa de televisão. “Com tudo que já vivi, acho que dá para ter um panorama bem interessante das trends”, diz ela, que garante testar as tendências com verdade, humor e ainda sugerir boas técnicas e produtos para o nécessaire. Nesta entrevista a NEGÓCIOS DE BELEZA BEAUTY FAIR, ela fala mais sobre este novo projeto, que estreou há menos de 20 dias.

De onde veio a inspiração para criar o Lab da Beleza?

A ideia surgiu ao pensar que hoje a gente tem tantas trends e tantos cosméticos e que o jeito e a velocidade de consumir beleza mudou tanto nos últimos cinco anos que se tornou difícil acompanhar tudo e saber de fato o que funciona. Daí a proposta de fazermos uma espécie de filtro para aquilo que é só uma viralização, porque é polêmico, bizarro ou diferente, para o que é efetivamente muito bom e que a pessoa pode aplicar na vida dela.

Como tem sido o feedback do público?

Superpositivo desde o primeiro episódio! Como os vídeos são publicados às terças e sábados, gravamos vários por vez, e eu sempre tento ser o mais clara possível nas explicações e colocar minha opinião sincera. Então, se acho que o produto é bom, eu falo, mas se vejo que ele não é legal ou que pode melhorar, eu não iludo. Ou, se vejo uma trend que é uma bobagem, digo que aquilo não funciona, só vale em tal situação ou para tal pessoa. Essa dinâmica garante alguns episódios bastante engraçados e outros que discutem questões atuais que tumultuam as redes, como a da maquiadora que chamou a noiva de golpista por ela ter pedido uma make social em vez do serviço específico para pagar menos.

Na sua opinião, por que as trends de beleza fazem tanto sucesso a ponto de extrapolarem o universo do TikTok?

São muitas as explicações. Uma delas é que várias trends são baseadas em técnicas e truques novos só para quem é bem jovenzinho, porque quem é um pouco mais velho já conhece aquilo, que ressurge na rede com um nome super vendável e apelativo. Outra explicação é o aumento expressivo no número de marcas de beleza que apareceram nos últimos

cinco anos. É um mar de produtos que nem quem é profissional do ramo consegue acompanhar! Esse mercado é muito dinâmico, gera muito conteúdo, engajamento, desejo instantâneo de consumo, uma quantidade massiva de dinheiro e tem a atenção e o tempo das pessoas.

Em meio a tantas trends perigosas, você acredita ser uma boa hora para as marcas reverem sua atuação nas redes e alertarem o consumidor sobre riscos ou é mais seguro se manterem focadas em seus produtos e serviços, até porque o tribunal do cancelamento costuma ser implacável?

Quando uma marca de beleza lança um produto, ela faz tudo dentro da lei para que ele seja seguro para o uso ao qual é destinado. Mas, quando esse cosmético chega às mãos do criador de conteúdo, a marca perde o controle sobre seu uso, que, por vezes, é feito como a pessoa bem entende. Vários vídeos provam isso, como aqueles que indicam aplicar nos olhos itens para lábios mesmo eles (lógico!) não tendo sido testados oftalmologicamente ou aqueles que sugerem produtos sem a preocupação de esclarecer para quais casos eles são indicados. É esse tipo de trend que vem gerando casos assustadores, como o da adolescente que quase perdeu a visão depois de usar uma técnica de skincare que viu no TikTok.

A marca não pode se responsabilizar por esse tipo de conteúdo, se bem que associar a educação ao entretenimento, que é o papel prestado hoje pelas redes sociais, é um excelente posicionamento para a construção de credibilidade junto ao público. Porém, na minha visão, o que precisa existir é uma lei de responsabilização sobre o que se divulga quando a postagem causa mal ou problemas de saúde. Talvez assim seja possível frear essa gente que vive de pensar ideias esdrúxulas só para viralizar e rentabilizar sem sofrer as consequências de seus atos.

Muitas marcas recorrem a influenciadores digitais para promover seus produtos e serviços. Quais dicas você dá para que essa publicidade seja feita da maneira correta?

Vou contar a minha experiência como produtora de conteúdo. Quando trabalho para uma marca, peço um briefing completo do produto. Esse documento traz, inclusive, as formas que o cosmético não deve ser usado e para o que ele não foi testado. Isso traz segurança não só para a gente, mas para a empresa também.