Indústria

Exportação de cosméticos: desafio e oportunidade

Representantes do setor falam sobre exportação de cosméticos no período de pandemia do Covid-19. Saiba mais!

Desafio e oportunidade na exportação de cosméticos
Por Redação em 2 de junho de 2020

Durante a pandemia, a Beauty Fair reuniu especialistas do mercado de exportação de cosméticos para o webinário “Diálogos de Mercado”, com mediação de Cesar Tsukuda, diretor-geral da Beauty Fair,  para falar sobre distribuição, crise, objetivos com a internacionalização e muito mais.

As informações abasteceram o mercado de informações estratégicas, principalmente em um ano que as delegações, como a organizada pela Beauty Fair à Cosmoprof Bologna, não puderam atuar.

A seguir, você confere alguns dos tópicos debatidos pelos especialistas e ainda pode conferir o bate papo na íntegra. 

Brasil tem força no mercado externo

“O mundo todo está em compasso de espera. Alguns setores estão melhores que outros, mas [a crise] é generalizada. A marca Brasil sempre foi muito forte no cenário internacional e sempre temos esse feedback. De um ano ou seis meses pra cá, há uma certa preocupação com relação a queimadas na Amazônia e isso, infelizmente, acaba denegrindo a imagem dos produtos. Mas, a nossa marca, no que tange, principalmente a produtos capilares, sempre foi forte na Europa, na Ásia, e [esses mercados] oferecem oportunidades. A exportação vai continuar sendo grande uma oportunidade para os fabricantes de cosméticos do Brasil”, afirma Sergio Fernandes, Membro do Conselho Consultivo da ABC Cosmetologia.

Desafio mesmo antes da pandemia

“Algumas empresas relatam dificuldades nas exportações porque os mercados fecharam – embarque, importação, exportação. Mas há relatos de empresas que aumentaram suas produções, mesmo que seja para um continente específico. O mais importante é lembrarmos que a exportação sempre foi um desafio num setor que é regulado, necessita registro, atender legislações de cada País… é possível, mas precisa de esforço. Temos que prezar pela imagem do Brasil, tentando mostrar que mesmo com dificuldades, existem diversos fatores para nos apoiarmos”, acredita Gueisa Silvério, Gerente de Negócios Internacionais da ABIHPEC.

Comércio mundial

“Em um cenário otimista, temos 10% de redução, no pessimista 30%. Estamos perto do cenário pessimista. Os setores dentro da indústria têm diferentes realidades. Temos setores explodindo neste momento; no setor de HPPC, houve aumento de janeiro a abril de produtos brasileiros. Sabonetes, produtos para cabelos e desodorantes cresceu bastante. Um ponto  importante é olhar para os países que são os principais destinos. Na América Latina temos países que vêm numa onda crescente da pandemia, então é difícil ter certeza do pico. Temos restrições de voos sendo feitas, fronteiras fechadas, o impacto pode ser ainda maior. Mas as estimativas, considerando dados do FMI, é de 5% de queda no PIB no ano”, disse Felipe Spaniol, Coordenador de Serviços de Internacionalização CNI, que acredita que a internacionalização seja uma das saídas para a crise.

Taxa de câmbio

“A situação é inesperada e a mensagem que acho importante é que, com a experiência que temos, é preciso manter a tranquilidade. O momento de crise é de oportunidade. O momento é complicado no Brasil e tem tido reflexos na desvalorização da moeda. E muitas marcas que começam a despertar para esse mercado internacional, precisa entender que pode ser um bom momento para começar a internacionalização. Não se deve olhar para a taxa de câmbio atual, mas para o histórico, fazendo ajuste em termos de precificação. Isso fará com que as margens sejam melhores e permitirá reforçar a presença no mercado europeu. Mesmo quando houver ajuste, terá boas margens.”, afirma Luis Figueiredo, CEO da Pharmilab.

Ele ainda sugere atenção em três possíveis problemas em relação a internacionalização: precificação incorreta, dificuldade na abertura da distribuição ou distribuidores que não têm perfil da marca e dificuldade com posicionamento incorreto. 

Álcool em gel

“Desde 16 ou 18 de março, saiu uma portaria de licença de exportação e a portaria diz que você poderia aplicar e em 30 dias ela é deferida ou não. Esse tema [do Covid-19] vem impactando as exportações de toda a indústria. E as empresas encontraram no álcool em gel a oportunidade, mas sem licença de exportação, não tem como exportar a mercadoria”, disse Gueisa Silvério, Gerente de Negócios Internacionais da ABIHPEC.

No entanto, ela comentou que houve crescimento de algumas categoria de produtos. “O nosso setor é essencial. É um setor especial, estamos buscando a saúde em primeiro lugar. Não tenho informação sobre a liberação da exportação, estamos tentando e não temos conhecimento de ninguém que tenha tido essa liberação [até o momento do webinário, em 29/05]. A Abiphec fez pesquisa recente com os associados sobre álcool gel e o número é impressionante; a agilidade em aumentar linha de produção do álcool em gel e do sabonete, principalmente o líquido. A indústria se mexe muito rápido, é muito flexível, inovadora. Nosso interesse é o fomento dessa indústria”, pontuou.

Ache o distribuidor ou o importador certo

“Vale ressaltar que a exportação de cosméticos é uma estratégia, não é ocasional. Mais do que nunca, neste momento, é importante estreitar relacionamento com o cliente, dividir experiências. Adaptamos os posts em vários idiomas, até mesmo para dar conteúdo para os clientes.

A busca de parceiros é sempre um desafio e, antes de qualquer reunião é importante buscar informações sobre os distribuidores. Não podemos correr o risco de termos nossa marca mal posicionada ou que não seja forte o suficiente para criar estratégias juntos”, disse Aline Ardel, Gerente de Exportação da Richeé.

Aprendendo com os erros

“Mesmo com estruturação e planejamento, não foi o que esperávamos [em relação ao processo de internacionalização]. Um dos maiores erros foi não estar pronto para um determinado mercado. Tínhamos produto, mas não tínhamos adequação de rótulo. Tínhamos case que se encaixava, mas não estávamos preparados para atendê-lo. Exportar é um planejamento, tem um processo, não é rápido. Estamos há seis anos [no mercado internacional] e sabemos que estamos longe do objetivo. É algo a longo prazo para não cometer essa falha de estar presente e depois sumir. Os grandes players, compradores, têm medo de investir, dar estabilidade. A gente sabe disso, por isso planejamento é o importante”, reforçou Rodrigo P. Jorge, Diretor Comercial da Beox.