Varejo

Os embaixadores virtuais da marca são o futuro da influência no varejo de beleza?

Explorar o potencial dos influenciadores surge como uma nova era de conexão com os consumidores

embaixadores virtuais da marca
Por Redação em 29 de julho de 2023

As marcas estão encontrando novas maneiras de envolver os consumidores e atrair novos clientes no mundo digital. O uso de embaixadores da marca virtuais está se tornando uma realidade cada vez mais presente no mundo da influência e do marketing. Esses avatares digitais, que agem como porta-vozes confiáveis das marcas, têm conquistado seguidores e gerado impacto nas decisões de compra dos consumidores. 

Pode parecer papo de filme, como no “De volta para o futuro”, mas embaixadores da marca virtuais já são uma realidade em diferentes lugares do mundo, inclusive, aqui no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Influencer Marketing Factory, apontou que 58% dos entrevistados americanos afirmaram seguir pelo menos um influenciador virtual nas redes sociais,e 35% admitiram ter comprado produtos ou serviços promovidos por eles.

Mas, qual a conexão de compra que esses influenciadores virtuais criam com os consumidores digitais? A Beauty Matter fala sobre o assunto. 

Embaixadores virtuais da marca: a crescente tendência que está revolucionando o marketing.

Esses influenciadores digitais da marca estão se tornando uma tendência cada vez mais presentes no mundo do marketing. Com sua capacidade de representar e promover produtos e serviços de maneira autêntica e controlada, esses avatares digitais estão conquistando espaço e atraindo a atenção de consumidores e empresas. 

Com o avanço da tecnologia e o crescimento do metaverso, é provável que essa tendência continue a se expandir e se tornar uma prática comum no digital. Os embaixadores virtuais da marca representam uma nova forma de influência, oferecendo oportunidades únicas para se conectarem com o público-alvo de maneira inovadora e impactante.

Embora a ideia de influenciadores virtuais possa parecer futurista, ela não é tão nova quanto se imagina. Na Ásia, por exemplo, personagens digitais têm sido idolatrados há anos. Um exemplo famoso é Hatsune Miku, um avatar virtual que começou como um software de sintetizador vocal e se tornou tão popular que ganhou uma versão como personagem de anime e até fez apresentações holográficas. 

Outro caso é a banda britânica Gorillaz, que utiliza avatares virtuais desde os anos 90 para suas capas de álbuns e shows ao vivo.

Uma das influenciadoras virtuais mais conhecidas é Lil Miquela, com 2,7 milhões de seguidores no Instagram atualmente. Ela surgiu na plataforma em 2016 e desde então tem participado de desfiles de moda, sessões de fotos e lançado sua própria música. Os criadores da influencer, a empresa Brud, conseguiram um investimento de US$ 125 milhões em 2019. 

Apesar do sucesso, Lil Miquela enfrentou certa resistência inicialmente, como ilustrado por uma campanha da Calvin Klein que gerou controvérsias. No vídeo, a supermodelo Bella Hadid beijava a influenciadora virtual, o que levou a acusações de apropriação queer e reações negativas por parte do público LGBTQIAPN+. Esse episódio destacou as limitações dos influenciadores virtuais em representar de forma autêntica grupos sub-representados.

Atualmente, marcas como Prada, Nars e Maybelline New York estão apostando em embaixadores virtuais para promover seus produtos. A Prada, por exemplo, lançou o perfume Candy em 2011 com a atriz Léa Seydoux como o rosto da campanha. Desde 2022, a marca conta com uma musa virtual chamada Candy, que possui características hiper-realistas, como cabelo curto, sardas e olhos rosa. 

A Nars também utilizou embaixadores digitais inspirados em tons de batom populares, dando a eles histórias de fundo e interações com os clientes. Já a Maybelline New York apresentou sua primeira embaixadora virtual, chamada May, em um anúncio de TV ao lado da embaixadora global Gigi Hadid.

Influenciadores virtuais ou influenciadores reais? 

Os embaixadores virtuais são atraentes para as marcas por oferecerem controle total sobre as mensagens transmitidas, além de terem um custo menor em comparação com celebridades reais. No entanto, há preocupações éticas em relação ao uso dessas construções digitais. 

A confiança mútua é um dos pilares do marketing de influência, e a falta de autenticidade dos influenciadores virtuais pode afetar a relação com os consumidores. Além disso, esses avatares podem criar padrões de beleza inatingíveis e distorcer a percepção da realidade dos consumidores.

Apesar das vantagens e desafios, a consultoria Gartner prevê que até 2025, em média, 30% dos orçamentos de marketing de influência e celebridades serão dedicados aos influenciadores virtuais. Este mercado está em crescimento, especialmente na China, onde a indústria meta-humana já é avaliada em US$ 42,6 bilhões. No cenário global, estima-se que o setor atinja US$ 5,8 bilhões até 2025. Com a geração Z valorizando cada vez mais o mundo virtual, é esperado um crescimento significativo.

No entanto, resta saber se os embaixadores virtuais substituirão totalmente seus equivalentes humanos ou se a falta de confiança dos consumidores será um obstáculo para o crescimento desse mercado. A relação de relacionabilidade que estes têm com seu público pode ser difícil de ser replicada por avatares digitais. Além disso, as questões éticas envolvidas no uso dessas construções virtuais ainda precisam ser cuidadosamente consideradas.

Apesar de parecer uma realidade apenas internacional, no Brasil, embaixadores virtuais da marca da beleza já são um fato. Redes de perfumaria, como a Ikesaki, e uma das maiores varejistas do Brasil, a Magazine Luíza, já usam embaixadores virtuais como estratégia de marketing de influência para se conectarem com o público digital. 

Isesaki apresenta os embaixadores virtuais da marca

No evento do Dia do Profissional da Beleza, realizado em janeiro de 2023, a rede Ikesaki surpreendeu ao apresentar uma equipe de avatares diversificados, especialmente desenvolvidos para representar os profissionais de beleza em suas interações no mundo digital. 

Através de uma colaboração criativa entre cinco especialistas da área e a combinação de computação gráfica e tecnologia 3D, foram concebidos personagens únicos: Ian, o cabeleireiro; Kelly, a maquiadora; Edy, o barbeiro; Sara, a esteticista; e Adri, a manicure. Notavelmente, as iniciais de seus nomes formam a palavra “Ikesaki”, alinhando-se perfeitamente com a identidade da marca.

“Os profissionais de Beleza, por si só, são grandes influenciadores de Beleza já no mundo real, orientando sobre cortes, cores e produtos. Além de interagir nas redes sociais da Ikesaki, os nossos profissionais virtuais trarão tendências e dicas nas redes sociais, além de fazer parte de ações especiais das marcas de cosméticos, nas quais eles aparecerão em poses, gestos e fazendo uso dos produtos e equipamentos de salão de beleza. Enquanto influenciadores virtuais, também esperamos que eles sejam inspiração para quem deseja entrar na profissão” afirma Edilaine Godoi, Head de Marketing da Ikesaki.

Lu, do Magalu: Uma das maiores influenciadoras virtuais do mundo é brasileira

A Lu, do Magalu, conquistou o título de maior influenciadora virtual do mundo, superando nomes como a Barbie, Nobody Sausage, Miquela, Minnie Mouse e FN Meka. Com uma impressionante marca de 6,3 milhões de seguidores em suas redes sociais, a influencer está quebrando barreiras no mundo digital.

De acordo com o Virtual Humans.org, um portal americano especializado no assunto, a Lu é a influenciadora virtual mais seguida globalmente. Além disso, um estudo realizado pelo site Onbuy.com revelou que ela foi a personalidade virtual com maior potencial de gerar receita com publicidade em posts do Instagram em 2022.

A Lu, que começou como uma voz para o site de e-commerce do Magazine Luiza em 2003, evoluiu ao longo dos anos, construindo relacionamentos com seu público e se posicionando diante de temas importantes, como causas pró-mulheres, antirracismo e inclusão social. Ela se tornou uma celebridade virtual que conversa, dança e interage, sendo definida pelo GlobeTrender.com como modelo e ativista.

A influencer é considerada a porta-voz do Magalu, utilizando sua visibilidade nas redes sociais para divulgar não apenas o ecossistema da marca, mas também para liderar conversas relevantes para a sociedade. Um exemplo disso é seu engajamento no combate à violência contra a mulher.

Uma pesquisa realizada pela plataforma de marketing de influenciadores “Hype Auditor” constatou que a taxa de engajamento dos influenciadores virtuais é, em média, três vezes maior do que a dos influenciadores reais. Com sua popularidade em alta, a Lu do Magalu participou de um clipe no metaverso ao lado do DJ Alok, alcançando milhões de visualizações.

A Lu também fez parcerias musicais, como o videoclipe com a cantora Anitta para a campanha “Rio, o Magalu chegou geral”. Além disso, ela se tornou a primeira personalidade brasileira não-atleta e sem vínculos de patrocínio com a Red Bull a se transformar em um personagem da marca.

Segundo Pedro Alvim, gerente sênior de redes sociais do Magalu, por trás do sucesso mundial da Lu está uma estratégia focada na criação de narrativas que geram empatia e conexão com as pessoas, além de oferecer conteúdos úteis, participar de conversas em tempo real e fazer a curadoria de produtos e ofertas. 

“A Lu é um case pioneiro e brasileiro, que tem inspirado a estratégia de marcas e até mesmo de celebridades na criação de avatares 3D em diversos países”, afirma Alvim. Ele também ressalta que o Brasil está liderando esse movimento de transformação no mercado.

A influencer virtual do Magalu conquistou seu lugar no topo, demonstrando o potencial dos avatares e influenciadores virtuais como fontes de entretenimento, engajamento e impacto social. Quanto ao futuro dos embaixadores virtuais como principais influenciadores da marca, isso ainda está em aberto, mas é inegável que eles estão moldando a indústria e a forma como as marcas se conectam com os consumidores no metaverso digital.

Cases não são isolados

Os embaixadores virtuais das marcas de beleza parecem ter vindo pra ficar no Brasil. A campanha que lançou a Dai, da Dailus, chegou a ser premiada pelo forte poder de conexão com o público. Além disso, no ano passado, a Beauty Fair, maior feira de beleza das Américas, também apresentou a cabeleireira Bella como protagonista do lançamento do evento.

A movimentação mostra que os avatares ainda vão ser muito mais explorados e gerar mais influência para as marcas de beleza.