Diversidade brasileira desafia dermatologistas e indústria cosmética

Entenda como o mercado deve se preparar para lidar com a pluralidade de pessoas no Brasil

2 minutos de leitura

ShutterStock
Por Redação em 23/12/2023 Atualizado: 23/12/2023 às 15:00

A diversidade da pele brasileira, com seus impressionantes 55 tons de pele mapeados dos 66 existentes no mundo, é um desafio significativo para dermatologistas e profissionais da indústria cosmética. Os dados foram revelados durante o evento de lançamento da iniciativa “Dermatologia + Inclusiva” promovida pelo Grupo L’Oreal no Brasil em 14 de novembro e divulgado pelo Site Mundo Negro. Confira!

Pluralidade em foco: 55 tons e 8 tipos de cabelo

O destaque do encontro foi o anúncio da L’Oréal Beleza Dermatológica, que planeja lançar, em março de 2024, um edital para premiar pesquisas que abordem a diversidade de peles e cabelos brasileiros. Isso reflete o reconhecimento da necessidade urgente de produtos e tratamentos que atendam a todos os tons de pele de maneira adequada.

A Dra. Julia Rocha, dermatologista renomada, enfatizou a importância de adaptar tratamentos de acordo com a diversidade de peles. “Cada pele possui suas particularidades, e isso sempre deve ser respeitado diante de uma queixa relatada. Ajustamos o tratamento a ser endereçado levando em consideração vários fatores, e o tom da pele é um dos principais.”

Um ponto crucial abordado foi a escassez de cosméticos adequados para peles mais escuras, levando a consequências graves. A Dra. Rocha salientou que “o desconforto estético pode levar à não utilização ou à subutilização do protetor solar”. Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia revelam que 78,7% das pessoas negras não usam protetor solar, contribuindo para o fato de que negros e pardos representam 30% das vítimas fatais de melanoma.

A exposição inadequada ao sol também pode desencadear diversas condições dermatológicas na pele negra, como melasma, hipercromias pós-inflamatórias, ceratose seborreica e dermatose papulosa nigra. A Dra. Rocha enfatiza que “o uso correto do protetor solar é a base do tratamento e da prevenção dessas queixas, sendo uma etapa indispensável”.

A médica também destacou a importância da fotoproteção inclusiva, especialmente para peles mais escuras. Ela ressaltou que “os pacientes negros estão mais predispostos ao surgimento de manchas”, e que estudos recentes mostram que a pigmentação intensa e persistente relacionada à luz visível afeta principalmente pacientes de fototipo alto.

Diante dessas demandas, a Dra. Rocha sublinhou a necessidade de produtos como protetores solares com cor, destacando que “eles atuam contra as radiações UVA e UVB, a pigmentação presente, agem como uma barreira física e protegem contra a luz visível”. A dermatologista reforça que essa abordagem específica é essencial para atender às necessidades variadas da população brasileira, onde a diversidade de pele e cabelo é uma das maiores do mundo.