Indústria

Falta de representatividade no mercado de beleza

Um desafio global abre debates para os caminhos da diversidade na indústria

Por Redação em 2 de abril de 2024

Na esteira do crescente movimento por representatividade e inclusão, o mercado de beleza encontra-se diante de um desafio premente: a falta de diversidade e a perpetuação de padrões irreais. O Brasil, embora tenha testemunhado avanços significativos, ainda enfrenta obstáculos consideráveis, como aponta Nathalie de Gouveia, CEO da Wella Company.

Gouveia, a primeira mulher a assumir a presidência da marca de beleza no Brasil, ressalta que a questão da representatividade não é exclusiva do país. Em uma entrevista recente à VEJA S/A, ela comparou os desafios enfrentados no Brasil com os da Europa, enfatizando a necessidade de ampliar a diversidade nos cargos de liderança e nas narrativas publicitárias.

Promovendo a diversidade no mercado de beleza

Uma pesquisa realizada pela TODXS em parceria com a Aliança sem Estereótipos da ONU Mulheres destaca que, embora haja uma mudança gradual nas narrativas publicitárias no Brasil, com mais histórias que empoderam do que aquelas que estereotipam, ainda há um longo caminho a percorrer. As marcas desempenham um papel crucial na definição de padrões e na promoção da aceitação, conforme salienta Bruna Veneziano, Diretora de Marketing da Skala Cosméticos.

Os dados da pesquisa corroboram essa afirmação. Segundo uma pesquisa da Opinion Box, 70% das pessoas concordam que a mídia, de forma geral, perpetua padrões irreais de beleza, enquanto 60% gostariam de ver diferentes tipos de corpos em propagandas. Desafiar esses modelos não só destacam as empresas, mas também contribui para uma mudança cultural mais ampla, promovendo a aceitação e a autoestima.

A pesquisa da TODXS também revela uma lacuna preocupante: embora quase 56% da população brasileira se autodeclare negra, a publicidade no país ainda carece de narrativas que representem negros e negras como personagens centrais. Isso contribui para a manutenção do racismo e da discriminação racial, contrariando os avanços na pauta racial em debate global.

No entanto, há exemplos inspiradores de empresas que estão desafiando essas normas. A Skala Cosméticos, por exemplo, está adotando uma abordagem inovadora ao utilizar avatares em suas embalagens que celebram a pluralidade de seus consumidores. Esses avatares, presentes nas linhas infantis e adultas da marca, destacam a importância da autoaceitação e rejeição dos estereótipos, promovendo questões de raça, gênero e body positive.

Para Bruna Veneziano, essa iniciativa vai além dos produtos; é uma ferramenta para promover a inclusão social e uma narrativa mais equitativa em toda a indústria de beleza. Ao desafiar os padrões tradicionais e abraçar a diversidade, empresas estão liderando o caminho rumo a um mercado de beleza mais inclusivo e representativo.

Diante desse cenário, é evidente que a busca por representatividade não é apenas uma tendência passageira, mas sim um movimento necessário e urgente em direção à igualdade e à aceitação de todas as formas de beleza. A mudança está em curso, e cabe às empresas e aos consumidores continuarem a impulsionar esse progresso em direção a um futuro mais diverso e inclusivo.